domingo, 8 de junho de 2008

O fruto que você produz, de mim procede

Oséias 14:8b

Como é fácil se arrogar e se tornar um admirador de si mesmo. Como é fácil e tranqüilo o caminho da soberba.

Deus opera na vida da gente desde o momento do nascimento, a cada passo, a cada titubeio, a cada momento de desvio, ele inicia um processo de restauração. A gente resiste, às vezes cede, vai sendo transformado e, dependendo da dureza do coração, um dia acaba transformado.

Quando permitimos que essa transformação faça parte de nosso ser e permeie nossa vida, é natural que os frutos comecem a aparecer, que os resultados se tornem mais e mais evidentes. E mesmo nesse momento, quando a maturidade e a plenitude poderiam ter o seu lugar, a nossa estupidez nos faz voltar os olhos ao nosso próprio umbigo, e o vemos como um espelho, onde podemos nos admirar.

E a admiração logo vira deslumbre e, deslumbrados por nós mesmos, damos lugar à arrogância.

Percebo este processo uma vez após outra na minha vida, como é simples esquecer que o fruto que damos não veio de nós, como o fruto da árvore não existiria não fosse a abelha que poliniza, a água que rega, a fertilidade do solo e a incidência da luz. O fruto na árvore é um potencial, que depende da ação externa para se manifestar. Não é a árvore só, é ela no seu contexto, é ela dependente, quem apresenta o fruto. Desenraizada ela morre, sem água não há frutos, sem ação dos elementos e da natureza ao redor, ela se tornaria estéril e eventualmente morreria.

Assim sou eu, e como é fácil achar que o fruto vem de mim. E como é fácil esquecer que a soberba precede a queda, neste caso, não só do fruto, mas da árvore.

Somos o que somos, não tem jeito de querer superar a ambigüidade de uma vez para sempre, dependemos, mas tendemos a pensar que não. Cabe lembrar-se, aqui e ali, tentar manter a cabeça fora dos espelhos e dos umbigos, e quando cair, cair em si e saber que como aparece em Oséias, “Depois de dois dias ele nos dará vida novamente e ao terceiro dia nos restaurará – 6:2”, e esperar que Deus seja fiel, o que ele sempre é, ao contrário de nós. Que Deus derrame sua misericórdia sobre nós, e que não precisemos de tropeços para lembrarmos que nossos frutos são frutos de nossa dependência.

Um comentário:

Sheila Friedemann Scheguschevski disse...

Ótimo texto Claudio! Uma confissão precedida por mais uma conversão das muitas que precisamos sofrer.
Penso que nossos blogs fizeram amizade e conversam... talvez porque seguimos no mesmo caminho.