segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Arrogância de Cancun

O texto abaixo foi traduzido do original que pode ser lido aqui e expressa de maneira muito clara as agendas com as quais estou pessoalmente envolvido. Ler Gustavo Esteva, a quem considero um mestre querido e um amigo oriundo dos contatos durante minhas pesquisas, é um privilégio especial. Inseri links em cada citação caso o leitor deseje aprofundar seu conhecimento sobre os temas citados.

Gustavo Esteva*

The Guardian

As lições deste fraco acordo climático? Os Governos tem brincado de Deus e falharam. Agora é com os ativistas.

No esforço de proteger o planeta de nós mesmos… As discussões de alto nível em Cancún eram nossa última chance ... e elas falharam. Mas podemos aprender com este triste episódio: devemos parar de pedir aos governos e às organizações internacionais soluções que eles não querem - e não podem - implementar. E devemos parar de fingir ser Deus pensando que podemos “consertar” o planeta.

Dezoito anos atrás, a pressão do movimento ambiental obrigou a ONU a convocar a Cúpula da Terra (RIO 92): 120 chefes de Estado, 8 mil funcionários e inúmeros ambientalistas se reuniram no Rio; e uma imagem da orquestra tocando enquanto o Titanic afundava inevitavelmente vem à mente.

A conferência, como a Ecologist relatou na época, apenas reforçou a mitologia predominante e destacou os poderosos investimentos disfarçados trabalhando contra uma solução. Com efeito, os cordeiros foram colocados para cuidarem dos lobos. “Após chegarem à conferência, cada caminho tomou um rumo para baixo”, observou o líder ambientalista Juan José Consejo. Ele alertou os ambientalista para o fato de que sua causa havia sido cooptada e que as políticas e ações tomadas em nome da ecologia eram de fato muito danosas ao ambiente.

Mas ainda não aprendemos o suficiente. Continuamos olhando para os poderosos para resolver as coisas. A conferência de Kyoto, em 1997, foi um passo tímido na direção certa, mas as promessas nunca foram cumpridas. Este ano, na Conferência do Povo, em Cochabamba, Bolívia, propostas interessantes foram apresentadas, mas Cancún não levou isso em consideração, e o fraco acordo, eventualmente remendado, não conseguiu superar o fracasso do ano passado em Copenhague. Conforme observou a Via Campesina, o movimento camponês internacional: chegar a nenhum acordo teria sido bem melhor do que um assim tão pobre.

Enquanto isso, o Fórum Internacional de Justiça Climática, convocado por centenas de organizações de vários países, fez outra declaração de Cancún, alternativa e mais valiosa. Com o slogan “Vamos mudar o sistema, não o planeta”, a declaração revelou a verdadeira natureza contra-produtiva das propostas oficiais, que estavam presas no “mercado ambiental”. A declaração defende que deveríamos abandonar o desenvolvimentismo, estabelecer limites, concentrar-nos em espaços locais, e regenerar tradições válidas. Tudo isso, entretanto, cai na armadilha política e intelectual da mentalidade dominante por ainda se pendurar nas instituições e em seus slogans abstratos.

Afirmar ou negar a mudança climática pressupõe que nós compreendemos bem o nosso planeta, Que sabemos como o mesmo reage – tanto agora como nos próximos 100 anos – e que nós possuímos a tecnologia apropriada para o consertar. Isso é pura e simplesmente sem sentido, e intoleravelmente arrogante.

Continuar depositando nossa confiança e esperança em instituições que esperamos que façam as coisas certas vai contra toda nossa experiência e foca a nossa energia no lugar errado. Sim, nós ainda precisamos lutar algumas batalhas institucionais. Por exemplo, nós podemos celebrar o acordo recém assinado em Nagoya, onde 193 membros das Nações Unidas criaram uma moratória de fato para projetos de geoengenharia, condenando qualquer tentativa de alterar o termostato do planeta. Mas devemos entrar em tais batalhas sem rendermos nossa vontade aos administradores governamentais do capital, que continuarão protegendo os principais causadores da destruição ambiental.

Todos os governos, mesmo os mais majestosos, são compostos de mortais comuns, presos em labirintos burocráticos e brigando contra interesses disfarçados que atam suas mãos, cabeças e ideais. Mesmo se Evo Morales governasse o planeta inteiro nós não seríamos capazes de consertar os atuais problemas ambientais.

Precisamos olhar para baixo e para a esquerda, como dizem os zapatistas do México: para as pessoas, e para o que nós mesmos podemos fazer. Por exemplo, parar de produzir lixo em vez de reciclá-lo. Isto requer uma série de coisas, de rejeitar sacolas plásticas e embrulhos até abandonar radicalmente o uso do vaso sanitário com descarga – um dos hábitos mais destrutivos do mundo, absorvendo 40% da água disponível para o consumo doméstico e contaminando tudo que passar por seu caminho. E, em vez do excesso de uso de veículos poluentes, vamos recuperar a auto-mobilidade, a pé ou em bicicletas. Assim como nos esforçamos para comer e beber de forma sensata, vamos viver nossas vidas de uma maneira diferente.

Se definirmos as questões nesses termos, lidar com elas estará em nossas mãos, não nas mãos daquelas criaturas globais institucionais que nunca farão o que é necessário. ELAS NÃO PODEM FINGIR SER DEUS, NÃO IMPORTA O QUANTO ELAS TENTEM.

O tempo veio para mudar o sistema, não o planeta. Só depende de nós, não daqueles que ganham status e renda do sistema. Como o escritor brasileiro Leonardo Boff observou, ativistas deixaram Cancún muito decepcionados com o resultado, mas estavam determinados a finalmente tomar o controle de toda a questão e a viverem suas vidas de seu modo, não da maneira ditada pelo mercado ou pelo Estado.

* Gustavo Esteva é um amigo, um intelectual dos mais brilhantes que o México já produziu, desinstitucionalizado, fundador da Universidade da Terra, em Oaxaca, México. Foi estudante e depois amigo de Ivan Illich e uma das mentes mais influentes no pensamento anti-sistêmico.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Entrevista Sobre Urbicultura

Primeira parte


Segunda parte



terça-feira, 5 de outubro de 2010

Na Cama com os ídolos ( UM TARGUM DE ROMANOS 1)


Eis ai uma daquelas frutas que se toma na mão ao passar por uma cerca de uma fazenda cheia de frutos maduros. Uma goiaba deixada para matar a fome de famintos como eu:


Textos antigos nem sempre foram antigos. Isso pode parecer bastante óbvio, mas vale a pena lembrar. A carta de Paulo à comunidade cristã de Roma foi uma vez uma correspondência contemporânea a uma determinada comunidade em um determinado lugar e tempo. E como este nosso tempo, aquela era uma época de um império.

O que aconteceria se uma carta como esta fosse escrita para nós no contexto de nossa atual crise econômica global? Que linguagem o autor usaria se ouvisse música contemporânea, visse cinema contemporâneo, e sentisse a dissonância entre bancos sendo salvos pelos governos enquanto aos vizinhos do dia-a-dia são entregues os avisos de despejo? Como seria a carta aos Romanos se fosse escrita não há dois mil anos atrás, mas na semana passada?

Esta não é uma forma realmente nova de abordar um texto antigo. Na verdade, quando os rabinos liam a Torá para os judeus da diáspora, eles faziam exatamente esse tipo de coisa. Reconhecendo que suas congregações não entendiam mais o hebraico, os rabinos traduziam o texto que liam. E suas traduções eram certamente não literais. Pelo contrário, eles atualizavam o texto, aplicando-o ao contexto do momento, e colocando-o em linguagem contemporânea. Os resultados de tais exercícios de interpretação foram chamados targums, paráfrases estendidas do texto.

O que se segue, então, é um Targum de Romanos 1:16-32.


Diante do colapso da visão de mundo dominante no Ocidente moderno,

Me dá vergonha quando o consumismo e a ganância são abraçados em nome de um falso evangelho cristão da riqueza.

Diante da crise do capitalismo,

Me dá vergonha quando os cristãos abraçam a livre iniciativa como a escolha econômica do próprio Deus.

Diante das milhares de pessoas que morrem diariamente de desnutrição,

dos milhões que vivem em pobreza extrema,

e do mundo vivendo à beira da depredação ecológica irreparável,

Me dá vergonha que tanta boa gente cristã apele para "Romanos 1"

para legitimar sua homofobia esculhambando gays e lésbicas.


Estes são, a meu ver, evangelhos de conteúdo vergonhoso.

Eles me fazem sentir derrotado, sem graça, e irritado.


Mas eu não me envergonho do evangelho de Jesus Cristo.

Este evangelho é nada menos do que o poder de Deus para a restauração.

Um poder capaz de destroçar os argumentos do império,

destronar suas verdades presumidas,

desvelar suas mentiras para que se veja o que elas são na verdade.


Por que não estou envergonhado do evangelho?

Porque através do seu poder, a vida é colocada nos eixos.


Por que não estou envergonhado do evangelho?

Porque nele encontramos uma justiça não conseguida através da violência imperial,mas através da fidelidade de Jesus Cristo

que suportou essa violência

em uma cruz imperial.


Por que não estou envergonhado do evangelho?

Porque essa vergonha iria paralisar-me,

tornar-me-ia incapaz de atender ao apelo à fidelidade,

e assim me enfraqueceria a ponto de não ter energia para viver para a justiça.


Retidão, justiça, fidelidade - tudo à sombra do império.

Este é o fruto do evangelho

que nós desejamos proclamar e engendrar

nesta comunidade.


Então, vamos ser claros sobre o que está acontecendo nestes dias.


Não vamos participar deste bla-bla-bla de correções do mercado

ou mau comportamento do mercado.

Não vamos tentar salvar essa barca furada dos tolos

com bilhões e bilhões tirados dos contribuintes.

Não, meus amigos, isso é conversa para boi dormir e nem arranha a superfície do problema.


O que está acontecendo na atual crise econômica

é nada menos do que a ira de Deus

sendo revelada contra toda impiedade,

toda injustiça, toda a ganância, todos os falsos evangelhos,

e todas as vidas distorcidas que eles produzem.


Mas em um império de mentiras,

em uma economia de mentiras,

não é nenhuma surpresa que nos tornemos tão prontos a

suprimir a verdade de Deus,

que é algo simples e da própria natureza da criação.


Que parte do caráter finito e gratuito da criação, não foi atingida

quando adotaram uma ideologia de ganância infinita,

de insaciável consumo,

de uma constante expansão e de uma economia cada vez maior?


A própria natureza da criação

não nos dá o testemunho de um Deus de abundância radicada na justiça?

A essencial bondade da criação

não nos dá testemunho da generosidade desse Deus?

O lugar da humanidade na ordem das coisas

não nos ensina que todos são chamados à imagem do Criador

por meio do amor e cuidado para com a criação?


Então aqui está a triste verdade, meus amigos:

este império da ganância,

nesta narrativa de crescimento econômico,

este castelo de cartas: tudo é baseado em mentiras e enganos.


Toda essa cultura de consumo,

este império absoluto do dinheiro

é baseado na ignorância obstinada.


A criação proclama uma maneira melhor

porque a criação é testemunha de um Deus de graça.

Mas temos que suprimir essa verdade,

envolvidos na negação e no encobrimento.


Recusando-nos a viver uma vida de gratidão,

recusando-nos a viver uma vida agradecida ao Deus

que suscitou uma criação tão rica,

Recusando-nos a honrar esse Deus Criador,

e abraçando uma cultura de direitos e ingratidões,

abandonamos o Deus da luz e abraçamos as trevas.


E em todas as nossas teorias complexas,

em toda a nossa conversa econômica sofisticada e incompreensível,

nós nos tornamos inúteis em nosso pensamento

acabamos com muita conversa, mas sem sentido,

teorias vazias,

vaidade das vaidades.


E nós pensávamos que éramos tão sábios,

pensávamos que tínhamos tudo planejado,

mas a piada caiu sobre nós,

e agora ficou claro que temos sido tolos.


Vejam bem: Isso é o que acontece quando vocês ficam na cama com os ídolos.


Isso é o que acontece quando vocês não conseguem

enxergar Deus na justiça exercida de forma integra

mas abraçam imagens esculpidas,

imitações baratas,

que parecem tão boas,

parecem tão poderosas,

mas que sempre vão deixar vocês na mão,

sempre serão breves

porque são impotentes.


ídolos vazios, mentes vazias.

ídolos mudos, vida de insensatez.

Traição e decepção.

Medo e terror.


Abracem o ídolo do economicismo,

Acreditem em suas falsas promessas de abundância,

permitam que suas vidas sejam moldadas pela ganância do ídolo,

e vocês irão colher a falência dessa falsa fé,

vocês se tornarão "viciados em avareza"

vocês serão pegos pela idolatria da ideologia,

e suas vidas serão remodeladas à imagem do ídolo, que lamentável.


Abracem o ídolo do economicismo,

Acreditem em suas falsas promessas de riqueza e poder,

e vocês irão encontrar-se enfrentando uma vida "Sem opções",


Vocês acabarão com uma vida restrita e limitada,

presa em um momento do qual vocês não poderão sair,

e da liberdade econômica que vocês sonhoram obter, vocês vão despertar para a realidade

de valores perdidos,

de terrorismo internacional,

de um planeta espoliado.


E Deus diz: "Para o inferno com vocês."

E Deus diz: "Façam a sua cama e deitem-se nela."

E Deus diz: "Vão em frente se lambuzem indecentemente com seus ídolos."

E Deus diz: "eu vou deixar esses ídolos lambuzarem vocês de volta com seu nojo."


Meus amigos, não estamos perante uma crise econômica.

Estamos enfrentando uma crise espiritual.

A questão não é, fundamentalmente, de mercados.

A questão é idolatria na raiz e fundamento da nossa sociedade,

na raiz e fundamento de nosso modo de vida,

na raiz e fundamento da nossa própria alma.


Somos chamados a viver na verdade,

somos chamados a encarnar a verdade em nossas vidas,

mas nós temos negociado a verdade por uma mentira.


Nossa imaginação foi capturada e feita cativa,

dificilmente podemos sonhar como seria a vida fora do controle da idolatria;

mal podemos imaginar uma vida que não seja escrava do consumo;

não podemos sequer começar a fazer nossas cabeças girarem em torno da justiça e da retidão;

generosidade e contentamento são estranhos para nós,

e uma economia do suficiente é impossível conceber,

muito menos de viver.


E é tudo tão vazio,

tudo é tão insensato,

é tudo tão sem sentido.


Temos ido para a cama com os ídolos,

e não temos intimidade com o Senhor.

Nós temos dobrado o joelho à idolatria

e não adorado o Criador

que é bendito eternamente. (Amém)


Tendo abraçado a idolatria da cobiça insaciável,

Tendo sido capturados por uma idolatria do consumo,

nossos desejos são pervertidos,

nossas paixões ficam à solta,

e nós ficamo perdidos em uma “terra da fantasia” sexual, que é mortal.


Nossas jovens empacotam-se como produtos sexuais,

prontas para consumo.

Nossa sexualidade é divorciada da intimidade da aliança

e reduzida ao entretenimento carnal barato.

Mas isso não acontece por que Deus nos criou como seres sexuais.

Tudo isso é uma traição de quem nós somos chamados a ser.

A imagem de Deus é pervertida por tal idolatria sexual.


E lembrem-se, os ídolos são insaciáveis.

Eles sempre exigem sacrifícios e nunca estão satisfeitos.

E eles têm um apetite terrível por crianças.

Não existe nenhuma idolatria separada do sacrifício de crianças.

E esta é a devastadora verdade da nossa cultura.


Assim como a economia vai exigir o sacrifício de toda a criação

para alimentar sua sede de crescimento cada vez maior,

Da mesma forma uma idolatria sexual insaciável exige o sacrifício sexual de crianças.


Esta é uma cultura predatória,

e as crianças são as vítimas mais vulneráveis.

Este é o fruto amargo da idolatria.

Esta é a sexualidade do império.


Então não é nenhuma surpresa que o Deus que nos permite tal ânsia insaciável,

e que nos permite ter esta vontade pervertida,

também nos permita uma visão deturpada de vida,

um espírito de deboche.

Isso é o que acontece quando vocês se recusam a reconhecer a Deus

porque vocês estão muito ocupados se enroscando com os ídolos!


Mas não se enganem!

Essa cópula idolátrica dá frutos ruins

de uma vida profundamente distorcida,

cheia de desejos maus,

de cobiça, de ódio,

de inveja, de morte,

quebrando a comunidade e destruindo famílias,

cheia de arrogância, de desrespeito insolente,

de tolice, de infidelidade,

e de uma crueldade que nasce de um coração

que virou as costas para o amor.


Tudo isso,

essa imaginação,

essa visão de mundo,

esta prática cultural,

este modo de vida,

-Tudo isso está a serviço de uma cultura de morte.


Então não se surpreendam se essa cultura morrer,

e não se surpreendam que este modo de vida venha a matá-los,

mesmo que vocês e todos os seus aplaudam com alegria quem vive desta maneira.


E vamos ser claros.

Eu não estou falando sobre “eles”

de alguma forma, em contraste com um “nós”.

Não, meus amigos, estamos nesta merda juntos.

Estou falando de mim.

Estou falando de você.

O texto original é Brian Walsh e pode ser lido aqui

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

WHY?


Yesterday I was talking to one of my best friends about her desire to know how to make things, to recover her ability to produce things, and to take on tasks that were part of the day-to-day life of her grandmothers and aunts – a day-to-life that, for her, has become so distant .

My friend is not alone. In fact, there is worldwide movement (albeit, without coordination) that to seems to intuit and follow in the same direction as my friend's. Even without knowing why, a huge number of people around the world, especially youth, feel the inclination and desire to reclaim basic human activities like cooking, sewing, walking, biking, educating children, planting and building. Like an uncontrollable urge, - and even though the masses has been pasteurized toward dehumanization and simple activities of consumption - it has become common to see people trying to make bread, cycling and planting something in their gardens. A distant memory, a kind of dull ache is calling, and many are seeking and finding here and there – in books, free courses, in informal conversations – a way to redeem their humanity.

As my friend spoke to me, I did “the challenge of three whys.” As always, I begin by asking "Why?" And with each answer, I reply with a another "why.” I don’t do it to be malicious, but rather because I know that from the whys come the answers and opportunities for conversation that generate learning.


Back to doing and making things.


This recent but widespread turn toward taking responsibility for key parts of life like food or self-transportation could – as with anything else – simply be a fad OR a hip thing to do that gets co-opted by the interests of the market for selling more books and recruiting students for more courses. It may even be a new way to distract us from the essentials in life, becoming one more commodity to be marketed in our world that turns everything into commodities.


ONE KEY REASON

One question I use to start talking about the whys is: What is the main difference between your house and the house of your great-grandmother?

After much thought, I usually get vague answers or a simple "I don’t know." From there I try to show most people that the difference is that our homes have become Centers of Consumption, while those of our grandparents and great-grandparents were Centers of Production. Food, clothing, energy, materials, decorations, gifts and objects were produced for use in homes. Almost everything the family needed was within reach of skillful hands, which not only produced, but also repaired, maintained and adapted things to new uses when something became permanently unusable.

Look at your home and at everything you use. Now, ask yourself: What is the percentage produced by you? What percentage of the food, energy, clothes, ingredients or the decorations is the work of your hands? How did these things come into your house? How did they become part of your life? What is your ability to maintain them without having a maid, calling a mechanic, buying a replacement or paying for a service?

To grasp how far we’ve come from our great-grandparents’s homemaking, just think about how our homes are arranged/set up. Formerly, a girl started to make her outfits while still in her infancy, taking years to accumulate sheets, towels, objects, painting, embroiderings and sewing. It was not just a question of the romantic and artistic side of things, but also a concern for practical in which there was beauty and uniqueness in what was produced. These tasks could take a lot of time, and they could be very costly. Many other activities were interspersed with this task, and so it was necessary to start early.

And today? Credit cards and shopping lists for wedding showers in department stores (or in exclusive stores) have replaced thousands of hours of thinking, preparation, living and acquiring skills, all centered around the home.

Currently, obtaining the means to have and equip a house requires a sacrifice, and what gets sacrificed is the home. Hours and hours of exhausting work, two working parents, insane traffic, and children away from parents all day. Why?

To obtain the only assumed means of access to everything that we need for our homes – money.

Meanwhile, our houses are cluttered with unused things, with time-saving devices, while we miss out on living. Our kitchens smell like Lysol, instead of being permeated with the aroma of wine, garlic, and fresh bread. Our expensive stoves are used only on the weekends or to warm up fast food.

If we want to have a why for reclaiming those skills that intuitively attract us, perhaps thinking of reclaiming our homes as a center of production and not simply as centers of consumption is a good starting point.


BUT ... AND WHY?


God created us to be fruitful/productive, not only in terms of children, but also to express the ability to create, produce and maintain the cycle of life and life in abundance. God made us to be producers – icons of God’s own life and fecundity. The human consumer, possessing the power to bring up everything that one needs without using one’s hands, talents and abilities given by God is the fruit/icon of a distortion of creation.

Initially only the powerful – through a lot of force and violence – had access to immaculate manicured houses with everything in order without having to work for it, or access to a food supply without thinking about production, or access to locomotion without walking. Only a Pharaoh, a Caesar, a king, or a noble – usually kept in power through some form of oppression – would have access to such things. What’s more, such nobility lived in fear, surrounded by guards, and were most often the victims of jealousy and betrayal.

Both aspects – jealously and betrayal – have today become part of ‘life as usual’ for a growing mass of people. Like the kings and nobles of the past, they consume, destroy, and remain fiercely attached to the power of ownership. Like the nobles of the past, they delegate their children to tutors: all day and for long periods, in order to get them back when they're older and ready to assume the role of those-in-charge, never the role of producers. Twelve hours of study, away from parents, with guardians and tutors–this was once the sole privilege of royalty. Today it has become an “universal human right.”

Just as this kind of attitude in the past created empires which, in turn, became ruins, our current empire of consumption and inability and deficiency is headed for collapse. If we are to survive, regain our humanity, and embark in another direction toward life, then it is vital that we know the way back to the situation for which God created us: as creative beings with great potential to produce and participate in the cycle of life. For this is one aspect that gives us the intrinsic dignity of being made in God’s image and likeness, participants in the creation and producers of food (comida), culture and cultivation, producing all of these things as an expression of the proper way to worship.


EMPLOYMENT POLLUTES


The environmental challenges we deal with every day are directly related to the transformation of our homes into centers of consumption.

Please note: Everything that comes into our homes does so with packaging; this packaging leaves our homes in the form of pollution. Nothing remains. Nothing is durable. Things are just thrown out, as if there existed a place in the world called “out.” For the many who speak of throwing something out, there must be something magical happening in the universe, since "out" would mean a kind of black hole where everything would disappear, when in fact what happens is that our "out" means that something we do not want must be launched at the head of another person, another system or another neighborhood. The result: we transform the Circle of Life into a Chain of Waste. And we imprison ourselves with these endless chains that end up poisoning our minds and bodies.

To have access to this Chain, we seek money. And to get money, we subject ourselves to more job hours/employment. We turn ourselves into objects. As Marx would say, we reify ourselves. In other words, we become pieces that fit into a gear and to deal with the situation, we go after more and better jobs. In doing so, our employment creates a lot of pollution. It also transforms our chains into golden handcuffs for a lifetime.

And to have employment/jobs, we have two cars per family, or we use a lot of public transportation. We eat fast food to save time, or we pack into the food courts of each and every shopping center–where an average of two huge containers per day of food debris will be produced and then rot in a landfill. With every meal we generate plastic bags, plastic spoons, plastic cups, plastic knives, excess paper, wasted energy and noise that accompany each employee or executive, while enjoying his daily ration. Our children go to schools and create more gridlock, more stress, more transportation, more snacks – packaging and more packaging. With life-on-the-go and away from home, the food has to be quick and easy. Ready-made snacks take place of fruit or bread, and with this there is always more packaging. Machines and more machines, store-bought clothes, and anything that helps us to consume more, to look better and to adapt our life to employment, ends up polluting and accelerating the system. And as payment for our effort, we earn money to buy more, spend more and pollute more. Employment pollutes.

And the reason we feel bound to employment is that we do not know how to do anything but make money to buy more and do less. Meanwhile, to obtain of the impression of rest, we entertain ourselves with something silly, so that consumption fills in our rest time as well. We have fun (i.e., diversion) so that our mind can divert itself from what is important. We go out in groups to avoid being bothered by our family members. We turn on the TV to turn our minds off from what oppresses us.

(N.B.:A good way to combat the extreme pollution that plagues our planet would be to check out The Right to Creative Unemployment by Ivan Illich.)

For these and other reasons, I can say that it is important that our agenda goes beyond a simple ecological consciousness, or our habit of buying organic, or our personal tastes. We need an effective why that gives us a reason to obey what our bodies and minds –intuitively one who gropes in the dark – are leading us to desire.

We have a reason: our dignity as human beings created in God's image – and not the fruit of a cosmic fluke – calls us back, to a kind of longing for what we’ve never known, so that we can move forward, loyal and hopeful in the redemption that will one reach us.

With much affection

Claudio Oliver - First Day of Southern Hemisphere Spring 2010

(With the help of my dear friend Sam Ewell that makes me sound clearer than I could with my English Language skills)