terça-feira, 16 de dezembro de 2008

End of the year Message / Fim de ano - bom 2009

To all my friends, from different countries and beliefs, colors and races, tastes and seasons. 
Happy new year and Merry Christmas

A todos mis amigos, de diferentes países y credos, colores e razas, sabores y estaciones.
Feliz Año Nuevo y Feliz NAvidad

A todos os meus amigos, de diferentes países e crenças, cores e raças, sabores e estações.
Feliz Ano NOvo e Feliz Natal


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Invertendo a relação entre ricos e pobres

Deus criou o Homo sapiens, e o criou à sua imagem e semelhança. E nós como espécie criamos formas posteriores, que se chamam Homo educandus - aquele que precisa ser educado para ser alguém 

-, Homo economicus - aquele que precisa ter suas necessidades mediadas diante de uma escassez artificialmente concebida por meio do dinheiro- e finalmente no século XX,duas novas espeecies o Homo sistematicus - que depende dos sistemas para sobreviver , entre eles o de saúde, educação, transporte, distribuição, informação e sua mais recente sub-espécie, o Homo miserabilis - este ser individual, solitário, que não sabe fazer nada e precisa que lhe dêem tudo e que vive oprimido pela frustração e ansiedade, dependente de que alguém no governo ou no mercado cuide dele, lhe sirva, resolva seus problemas e o mantenha vivo. Uma clara involução e desumanização da espécie.

Aquele ser criado Homo sapiens, não se fez humano por seus atributos biológicos - que certamente o hominizam - mas sobretudo por algumas fagulhas não genéticas, complexas, interativadas, transcendentes, imensuráveis que se traduzem pelo termo Espírito, Ruach em hebraico, que se define exatamente por esta parte de nós que é comum a todos e mesmo assim nos permitem sermos pessoas particulares, únicas e variadas.

Esse mistério, a Bíblia insere na concepção de semelhança e imagem de Deus em nós. E é precisamente esta semelhança que nos humaniza. No entanto, esta semelhança esta ligada a um outro aspecto que nos é próprio: a vontade. Este Homo Sapiens, pleno e semelhante a Deus, criado com vontade possui uma vocação ontológica presente neste binômio, e plenamente exercida como fruto da interação destes dois aspectos: a liberdade.

Estranhamente a relação da vontade, do espírito humano e da liberdade consegue somente ser experimentada e exercida de forma plena quando a vontade se impõe a auto renúncia, quando o espírito humano se dispõe à conexão e à concepção do sagrado e quando a liberdade leva em conta a existência de limites marcados pela existência do outro e e se enxerga como parte e não proprietário da criação.

Nasceu com este mesmo ser humano tanto a liberdade quanto a possibilidade da escravidão. Desde o início elas penetram pelo mesmo caminho, independente da época, do contexto e do sistema no qual ocorrem. Pelo questionamento do sagrado, a transposição dos limites e a negação da renúncia repete-se o sacrifício da primeira em prol da segunda.

Imediatamente ao serem introduzidos estes elementos, inicia-se o processo de desumanização assistido em todos os períodos da história, em todos os sistemas e em todas as formas de produção. No entanto, vivemos seguramente pela primeira vez a extensão destes danos da escravidão em escala global, de forma universal e com a possibilidade concreta de inserir a simples, concreta e pura extinção física da espécie humana, seja por meio de hecatombes ambientais, por meio da violência ou por meio do esgotamento de recursos. É uma escala universal daquilo que a história demonstra acontecendo de modo pontual em diferentes momentos e locais, desta vez hegemonicamente impostos sobre todos os 6 bilhões de habitantes do planeta.

No entanto, ao contrário da desesperança que tal introdução possa provocar, inclusive históricamente, vemos que a liberdade e a humanização perdida não são impossibilidades, senão inéditos viáveis, surpreendentemente persistentes e ontologicamente inseridos como vocação da espécie. Ainda mais, como espécie criada, a boa notícia é que apesar de provocarmos a ira e a tristeza daquele que nos criou, não fomos por este mesmo abandonados.

Seja nas narrativas de Noé, ou de Moisés, na gênese de um povo que substitui deuses a serviço do Rei, por um povo sem rei porém pleno de ética, concepção de próximo e cuidado ambiental, seja no lamento dos profetas, em suas denúncias e na proclamação de sua esperança, recebemos a anunciação de que, apesar de todos os atentados contra ela, é a vida e não a morte quem possui a palavra final. E a prova última deste não abandono se deu em Jesus, o Cristo, encarnação da plena humanidade, liberdade e domínio da vontade por meio da renúncia em ser Deus, para ser servo e se limitar em um contexto específico, sofrer nele e demonstrar em sua própria vida que mesmo a fronteira final, a morte, é surpreendida pelo inédito viável, ainda que aparentemente absurdo, de sua ressurreição física, concreta, no tempo e no espaço, com o testemunho dado a custa de sofrimento por mais de 500 pessoas que com ele comeram, andaram, nele tocaram e conversaram por 40 dias após sua morte e ressurreição.

Dois mil anos, e em particular os últimos 500 anos transformaram esta tremenda intervenção de Deus na história e a possibilidade deste caminho em mera religião, controlada, mercantilizada,  submetida aos mesmos princípios que hoje geram o impasse e a encruzilhada na qual se encontra a humanidade, presa entre a barbárie e a desesperança. Mas é desta mesma encruzilhada que surge a possibilidade da esperança, na medida em que Deus não se deixou sem testemunho, ainda que este não esteja ou seja visível nas estruturas da cristandade. Num mesmo ambiente crítico, co-existem a possibilidade e o desespero. De um lado a criação, incluindo os grupamentos humanos, está grávida de desejo de ver e perceber a manifestação dos filhos de Deus. Do outro, contigentes cada vez maiores se negam a crer que a presença de Deus na história se resuma somente a ambientes religiosos, principalmente quando hoje estes se manifestam de forma cada vez mais exótica, descontexualizada e individualista. Esta dupla expectativa abre a porta para o inédito de Deus acontecer.

Se sairmos da descrição mais geral feita até aqui, e descermos a aspectos tangíveis e factíveis ao nosso alcance talvez possamos, em meio a um emaranhado teórico, descobrir formas de ver esta intervenção já possível e presente.

O aspecto que gostaria de abordar neste texto é a relação entre ricos e pobres.

Guias cegos guiando a outros cegos.

Os Fariseus eram, em seu tempo, os mais profundos conhecedores e os melhores seguidores da Lei de Deus. Pessoas de comportamento impecável, corretas, bons pais, trabalhadores e cumpridores de seus deveres.

Além disso, eram conscientes de um zelo missionário que os fazia andar terras e mares e despender um enorme esforço para, como dizia Jesus, “conseguir fazer um prosélito”.

Eram não somente assim, como conscientes de sua posição como diferentes dos mundanos, resistentes à dominação de valores pagãos, criam na ressurreição e na glória de Deus.

Apesar de tudo, Jesus os chamou de guias cegos, que guiavam a outros cegos.

É impossível observar esta descrição e não identificá-la imediatamente com a igreja hoje.


Em Tiago 4:4, se dirigindo à igreja e chamando os irmãos de adulteros, e por que? Apesar de todo pocedimento religioso oposto ao do assim chamado mundo, ou pensamento dominante. Ainda assim, os valores mais básicos do sistema permaneciam intocáveis.

Era assim com os Fariseus, assim foi com a igreja que se perdia em si mesma, e assim é hoje com parte substancial da igreja.


Os mitos do desenvolvimento e do progresso


O mundo que vivemos possui uma miriade de versões, interpretações e culturas, interconectadas e disponíveis no supermercado da sociologia e da fé. No entanto, ele realmente se caracteriza por ser um Universo, uma versão única de mundo, onde talvez pudéssemos encontrar no plano de Deus o Pluriverso.

Nesse universo, nessa versão única, mitos são tidos como dados e assentados, universais e dominantes. Entre estes o mito do progresso, o do desenvolvimento, das necessidades e dos direitos Universais, a serem supridos, hora pelo Estado, ora pelo Mercado, aos quais todos estão submetidos.

Este tempo presente, este modo de pensar, nos é vendido como se sempre tenha sido assim, como se este fosse o aspecto imutável.

Neste mundo, dividem-se as pessoas entre os de dentro e os de fora, os incluídos e os excluídos, os que são e os que não são. Neste arranjo, os de dentro sentem um impulso e um dever irresistível de colocar para dentro, se não todos, ao menos aqueles que seja possível colocar, e pior, na ausência da possibilidade, ao menos os privilegiados por uma eleição.

É assim com governos, empresas, partidos, religiões e infelizmente com as igrejas.

Sem questionar se o barco tem fundo ou destino, o importante é ir e fazer o máximo de prosélitos.

Neste afã, se coloca como meta a inclusão no barco.

O barco que é indiscutível para todos se constitui de alguns mitos, a maioria de natureza economica, que atribui ao homo sapiens a sua desumanização, transformado que foi em homo miserabilis, miseravelmente dependente de educação, dinheiro, serviços, direção, saúde, transporte, saneamento, empregos, redes de distribuição de alimentos e etc. . Incapaz de cuidar de si, de sua formação, de seu ir e vir, de providenciar sua comida, lidar com seus dejetos, realizar tarefas corriqueiras, de solidariedade, de manter a saúde e de morrer, sem que alguém, estado ou mercado, disso cuide para e por ele aquele que um dia foi imagem e semelhança de Deus se reduziu a um ser escravizado e pouco mais que uma singularidade.

A criação de massas de desesperados, que de capazes de cuidar de si, se tornaram miseráveis por não poderem ter acesso a estes elementos que se tornaram necessidades e logo direitos, que enchem de frustração pessoas que tem acesso a coisas que um príncipe medieval nem sonharia (como por exemplo um vaso sanitário, luz na rua ou água encanada), leva a todos que possuem acesso pleno a estas e outras “necessidades”, ainda que insustentáveis a crerem possuir a missão divina de incluir a todos em seu estilo de vida.

Esse impeto missionário, começado na Europa do século XVI e globalizado em nosso tempo, se traduz em uma acrítica presunção de que somos os escolhidos a levar ao mundo um estilo de vida individualista, insustentáveis, sem mordomia da criação e destruidor de tudo ao seu redor, na esperança de que um dia, Jesus venha aqui e nos leve embora pra um outro planeta onde tudo vai ser dourado e com luzes de neon.

Chega de loucura.

A Nova Jerusalém desce à terra, o filho encarna na nossa realidade, a restauração de todas as coisas e da vida com Deus se dá no tempo e no espaço criado para que isso ocorresse, este planeta.

Na minha concepção, é hora de arrepender-se. 

A igreja missionária que leva um estilo de vida destruidor ao mundo precisa se arrepender e olhar para Jesus. Para que isso ocorra precisamos ter a coragem de abolir a missão como heresia autoritária e promotora do estilo de vida ue destrói o mundo e assumir em seu lugar o serviço, a encarnação enquanto identificação com o outro, o diálogo no lugar da pregação e a proclamação de um novo modo de viver ao invés do anúncio de uma nova religião.

É hora de sermos libertos e arrepender-nos de querer libertar a outros para incluí-los em nossa escravidão como faziam os fariseus e levarmos a boa notícia de que os últimos serão os primeiros, de que o Reino é dos pobres, que o consolo está disponível a quem chora, que a paz que promovemos nos faz filhos de Deus, que na humildade está calcada nossa herança, que a promoção da justiça e da eqüidade satisfará a todos, e que não existe escassez mas só ganância a ser enfrentada, que para ver a Deus, o caminho é o da pureza de coração, a ser aprendida com as crianças, e que estamos no caminho quando nos insultam pelo nome de Jesus.

Para inverter a lógica por alguns caminhos talvez seja hora de:

Arrepender-nos de nosso estilo de vida e, humildemente, re-aprender a viver com os pobres

Igualmente arrepender-nos de olhar para o pobre como alguém miserável por não ter acesso ao que temos, mas sim miserável por ter sido induzido a pensar que são estas as coisas que lhe farão bem.

Abrir mão do desenvolvimento como objetivo de vida e sim abandoná-lo em prol de um outro conceito a ser aprendido com aqueles que o desfrutam nas bases sociais: a vida plena.

Abandonar o progresso como benvindo e reconduzir como referência o caminho.

Deixar de compreender necessidades como algo que deva ser suprido e assumir que elas são limites da vida, que podem ou não ser superados, que nos animam o desejo e a esperança, a inventividade e a autonomia.

Relativizar os direitos baseados nestas mesmas necessidades, deixando de lado e não dando importância às serpentes que nos oferecem o caminho e a possibilidade de garanti-los, reconhecendo nas vozes que nos afirmam estes direitos, nada menos que o inimigo de nossas almas.

Que a satisfação de necessidades é o caminho de fazer-nos escravos, que o contrário: viver com elas, adaptar-nos a elas e abriga-las como parte da vida são os aspectos que nos fazem livres, inventivos e criativos, logo semelhantes a Deus.

Que a mediação do dinheiro no suprimento de nossos desejos é o atalho fácil e artificial que se coloca no lugar da solidariedade, da troca, do compartilhar. E que ter nele a solução só aprofunda nosso estado de dependência.

Que viver no mundo e se esquivar de suas estruturas, relativizando sua importância é diferente de ser do mundo, adaptado e conformado aos seus esquemas.

Que “como ?” não é a pergunta, mas por que?, em lealdade a quem?, com que interesse?, pelo bem de quem?, em obediência a quem? e submissos a quem? são as perguntas a serem respondidas.

Em vista disso, invertamos nossa lógica definitivamente, e vamos aos pobres, para deles aprender e trocar com eles aquilo que podemos trocar. E tentar cumprir o amor a que fomos chamados, que começa com o arrependimento, a relativização de nossos compromissos e dependências com o mundo e em nos movermos para a liberdade de homens e mulheres sabidos, criados à imagem e semelhança de Deus.

domingo, 5 de outubro de 2008

40 dias sem rede, 40 dias pensando

Foi uma experiência interessante.
Foram 40 dias sem internet, sem telefone e sem muito contato a não ser usando a rede wireless de um amigo, e com isso sem tempo ou oportunidade para postar nada.
Estou com pilhas e pilhas de emails, coisas penduradas por fazer na rede, mas é inegável o fato de que sai deste tempo com muito o que pensar, e com muita coisa pensada.
A primeira e óbvia comparação acontece com este número de dias: 40.
É um número cheio de significados na Bíblia e na tradição judaica, um número que tem a ver com a maturidade da vida humana e com os aspectos de nossa realidade imanente. É o 4 da maturidade e plenitude humana, que quando junto ao 3 da perfeição divina da trindade, geram o 7, numero de Deus, que multiplica-se 70 vezes para revelar seu perdão inextinguível, que a besta - e os bestas - com seu 6, mesmo três vezes, vai ser sempre só quase, nunca 7.
São 4 os cantos da terra, são 4 os muros da cidade eterna, são 4 os ventos e os pontos cardeais, tudo que é perfeito na terra é 4, mas quando amadurece, se encorpa, ganha a robustez do dez e vira 40.
E tudo que é de amadurecer, de chegar no ponto, gira por ai.
Quarenta dias no deserto, foi o tempo de Elias em meio a sua depressão para descobrir que não estava só e que tantos outros joelhos não haviam se dobrado à unanimidade burra e ululante do sistema, aliás óbvio como todo sistema unânime.
 Antes choveu 40 dias e 40 noites e a turma que pensou que sujeira não se lavava, acabou imersa num dilúvio universal, pior que aquele que temem hoje os habitualmente irresponsáveis de Wall Street... era bom eles colocarem as barbas de molho em 40 águas.
Isaque tinha 40 anos quando finalmente casou-se com Rebeca, a quem amou à primeira
 vista. Moisés subiu no monte e ficou lá 40 dias e 40 noites, enquanto a turma se perdia atrás de um bezerro 
de ouro que não era mais que a projeção de suas próprias expectativas infantis e imaturas. E foram 40 dias que a turma de espiões levou para investigar a Terra prometida, para no fim se sentirem com medo e desanimarem. E isso acabou dando em 40 anos no deserto, rodando e rodando e comendo maná, abusando da paciência de Deus, até amadurecerem o suficiente para nela poderem entrar. 
Mesmo depois de lá chegarem, pisaram na bola, e lá foram mais 40 anos perdidos sob o mando dos filisteus.
Mas um dia começaram nova história, com um rei amigo de Deus, e Davi reinou 40 anos.
E Jesus, foram mais 40 dias no deserto, onde ficou falando consigo e com o Pai até que veio aquele que não tem o que fazer a não ser azucrinar e o tentou. Mas a besta não percebeu que depois de 40 dias seria difícil meter uma cunha naquela rocha.
E para não deixar dúvidas de que no fim das contas ele era mesmo de carne e osso, o Cristo ressuscitado andou por ali 40 dias, ensinando e animando aqueles que iriam virar o mundo de cabeça para baixo.
E também se chama de madura a pessoa aos 40, principalmente os homens que, mais tolos que as mulheres que amadurecem e embelezam aos 30, precisam de mais dez anos para dar um jeito em si mesmos.
Pois foram 40 dias sem internet, telefone e contato. A cabeça girou, as idéias rodaram e o corpo trabalhou e muito. Vamos ver o que sai disso.
Se você teve a paciência de ler até aqui, obrigado pela graça e se esperava que eu aparecesse de novo, estou ai, renovado por 40 dias privilegiados de encontro comigo mesmo.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

NA RUA COM DEUS... DE BICICLETA.

Alguns já me perguntaram, e outros se perguntam:Por que na rua com Deus?
O nome me surgiu quase por acaso, olhando a foto de abertura do site - na verdade uma foto que tirei nas ruas miseráveis de um lugarejo na fronteira entre a República Dominicana e o Haiti chamado Peralta, onde um amigo luta com projetos de saúde e de negócios sociais. Andando por aquelas ruas, em meio a uma devastação ambiental e uma pobreza extrema, algumas palavras iam surgindo em minha mente.
Primeiro foi a palavra verdade..., seguindo adiante eu escutava no vento a palavra Caminho,... um pouco mais, vendo crianças trabalhando, um monte de gente sem ocupação, um silêncio denunciante de perda de esperança, surge como o impacto de uma onda sonora da qual não se ouve ruido, daquele tipo de som que se ouve com as entranhas, a palavra VIDA.
Juntando as três pude perceber o que eu encontrava naquelas ruas: o caminho, a verdade e a vida. Foi assim que percebi que não era o que, mas quem eu percebia ali. Era Ele.
Voltando para a louca Santo Domingo naquele dia, ruídos e barulhos ensurdecedores me acompanhavam no trajeto, música alta, som de motores, e muita distração. Já era difícil perceber qualquer coisa, qualquer presença.
Chegando em casa, nas ruas entulhadas dessa Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, cheias de gente em caixas de metal, som alto, CBN tocando, celulares, nada, a não ser o umbigo, podia ser notado. E em meio a isso, a quem se nota?
Em contraponto a tudo isso, me dou conta das possibilidades de renúncias capazes de me fazerem escutar. E uma delas é a renúncia ao apocalipse motorizado.
Existe uma profunda diferença entre andar numa caixa de metal que faz tudo por você, que te engana dando a sensação de movimento em pleno sedentarismo, e se movimentar a pé ou de bicicleta.
Quando nos movemos por nós mesmos fazemos o uso dos cinco sentidos, ampliamos o estado de alerta, a capacidade de perceber o outro, de conversar e de se envolver. Enquanto o automóvel nos desliga das relações humanas mais básicas (quem nunca xingou ou teve ganas atrás de um volante e desejou o mal do outro coisificado à sua frente), andar a pé ou de bike possibilita a atenção e o encontro.
Este estado especial de alerta abre olhos usualmente fechados em - e por - nossa sociedade motorizada. Abre olhos de percepção de si e dos outros, expande a capacidade de apreender o entorno. Neste sentido é muito coerente o conselho bíblico de falar e ensinar enquanto no caminho, enquanto se movimenta (Deut. 6:7).
Mais que os sentidos conhecidos, andar, pedalar e caminhar como que permite o uso de uma espécie de sexto sentido, capaz de ouvir com a alma e com o coração, de conversar consigo mesmo, de ouvir a si mesmo e de conversar com Deus, e ouvir a Deus e de por vezes estar ali ouvindo a conversa da nossa alma, da nossa psiquê com Deus e, na posição de platéia, aprender deste diálogo.
As facilidades da modernidade criam paradoxos contraprodutivos, disso já se sabe, e no carro se percebem alguns deles. A solidão do volante, dificilmente vira solitude, a rapidez do deslocamento, atrasa o encontro consigo próprio e o rádio ligado freqüentemente fecha os ouvidos para escutar a Deus.
Por que na rua com Deus? Por que é lá que Ele está. 
Deus não habita em estruturas construídas pelas mãos dos homens. Sejam estas de metal, de tijolos ou imateriais. Deus é livre, vai aonde quer e sopra aonde quiser. Não se deixa encarcerar nem manipular, Ele é. E onde melhor para encontrá-lo que na ausência de paredes? Do que no suave barulho da brisa que toca o rosto? No calor que queima a pele?
Para percebe-lo é preciso estar atento. Somente a pé ou de bicicleta a gente é capaz de se mover e estar assim atento. 
Não que a bike seja mágica, a gente pode produzir pequenos espaços de alienação quando anexa a ela periféricos que nos distraem e desconectam, comparáveis ao rádio ligado no carro, como o Ipod ou mp3 na bicicleta.
O que escrevo nesse blog muitas vezes vem dessas caminhadas ou bicicletadas. Aqui registro o que ouço e vejo.
Para terminar, posso contar o que me chamou a atenção para isso pela primeira vez. Lá pelos anos 70 eu ouvi ópera Rock TOMMY (disco - 1969 e filme - 1975), do THE WHO. Uma das músicas finais trás uma percepção que desde então me tocou. A letra (reproduzida abaixo) diz que o Messias apontou a porta mas ninguém teve a coragem (ou as entranhas ou algo menos educado para postar aqui) de deixar o templo e encontra-lo na rua. 
Ele continua lá, esperando por nós. Enquanto isso a gente acha que encontra algum sentido nas estruturas de culto ao consumo de nossa sociedade, nas religiões ou nos templos móveis sobre quatro rodas e a custo de combustível fóssil. 
Eu fico aqui, buscando ver se consigo me livrar cada dia um pouco mais, e de vez em quando me encontrar "na rua com Deus"

 assista o clipe do THE WHO


Estou livre, estou livre
E liberdade tem sabor de realidade
Estou livre, estou livre
E estou esperando que você venha me seguir

Se eu lhe contasse tudo que é preciso
Para alcançar o ponto mais alto
Você iria rir e dizer que 'nada é tão simples'

Mas já lhe foi dito muitas vezes
O Messias apontou para a porta
mas ninguém teve a coragem para deixar o templo!
Estou livre, estou livre
E liberdade tem sabor de realidade
Estou livre, estou livre
E estou esperando que você venha me seguir

I'm free -- I'm free,
And freedom tastes of reality!
I'm free -- I'm free,
And I'm waiting for you to follow me.
If I told you what it takes 
To reach the highest high,
You'd laugh and say "Nothing's that simple."
But you've been told many times before
Messiahs pointed to the door
And no one had the guts to leave the temple!
I'm free -- I'm free,
And I'm waiting for you to follow me.
I'm free -- I'm free,
And I'm waiting for you to follow me.

Panelas de Teflon ... nada adere, nada fica, tudo vai

Vivemos a sociedade dos direitos... pior, dos direitos i-n-d-i-v-i-d-u-a-i-s, assim mesmo, separadinho, pois que desde que a modernidade inventou tal conceito fomos nos tornando - e nos "tronando", pois que além de indivíduo cada um virou rei de seu mundinho - seres separados e particularmente animados por nossos sonhos egocêntricos. Alguns mais egos e mais reis que outros, é verdade, mais cheios de direitos que os outros, e mais certos de que seus interesses podem ser atacados, ou meramente ameaçados, pelo outro, e que precisam por isso ser "carnivoramente" defendidos.
Suspeito cá com meus botões o quão em desuso ficaria uma declaração universal dos DEVERES do ser humano.
Em particular, na categoria daqueles com mais senso de direitos ameaçados está a classe média, sempre pronta a pular e protestar, quanto mais vai se vendo parecida com aquela "gentinha lá de baixo" que nos últimos anos, seja por alguma inclusão ou melhoria, seja pela proletarização da tal classe média, foi ficando "incomodamente" próxima.
A classe média reclama muito.
Reclama muito aqui, reclama muito na Venezuela onde o doidinho do Chaves decidiu que eles tinham que pagar imposto (ora que absurdo) e de modo particular, tem reclamado muito na Argentina.
O texto de hoje aliás é inspirado de lá.
Ficaram famosos nos últimos anos os "cacerolazos" ou panelaços, como chamamos aqui. Com pessoas na rua, protestando contra o corralitos e outras demandas vividas por eles. Ultimamente de lá se ouviram panelaços intensos, em apoio aos fazendeiros produtores de carne e grãos que tiveram limitadas algumas opções de venda. Nas zonas mais abastadas de Buenos Aires a classe média alta saiu às ruas em apoio aos produtores, muitos deles envolvidos com mão de obra escrava, exploração de ervateiros, pagando salários de fome e coronéis de suas regiões. Muito barulho foi feito, e a derrota do governo celebrada.
Não conheço a família Kirschner, nunca os vi, e acho mesmo que o gosto político e pessoal deles é no mínimo duvidoso. Não tenho nada com isso e nem entendo de política Argentina. Mas de lá um cantor, Ignácio Copani, a partir da observação desta situação, escreveu uma belíssima canção cuja letra traduzo abaixo.
Nesta canção, ele faz um questionamento, que na verdade é o centro deste texto: O que nos leva a protestar?
Ele lembra na canção de quando não ouviu o som das panelas durante a ditadura militar, contra os assassinatos políticos, a favor dos pobres, das lutas coletivas por preservação de meios de produção argentino, de quando alguns que caíram em protestos, como o anjo da bicicleta que morreu e os meninos que ele alimentava ficaram sem ter quem lhes desse pão e amor. Ele lembra como é fácil reclamar e se insurgir por nossos interesses pessoais e como a mesma energia fica represada quando a coisa é pelo bem comum.
O que isso tem a ver conosco?
Uma das conseqüências da relação com Deus é a capacidade de amar o próximo como a si mesmo, levando-nos a considerar o bem do outro até mais importante que nosso conforto. Esta é, ou tem o potencial de ser, uma das conseqüências de seguir o carpinteiro de Nazaré.
Por aqui, vimos mulheres de militares há alguns anos batendo panelas; recentemente vimos os fazendeiros e madeireiros usando da força e mobilizando pobres cidadãos domesticados e dominados a se insurgirem pelo direito de desmatar para produzir carne, explorar madeira ilegal e de usar mão de obra escrava no Pará.
É bem comum vermos categorias com interesses de classe fazendo passeatas pelas ruas do Centro Cívico aqui em Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Tudo em defesa de mais direitos para os bancários, ou para os carteiros, ou para os professores, ou para mais sei lá quem. No mesmo local vemos da missa dos padres show-man ou dos crentes milagreiros, ao passear dos gays em parada, cada um pelo seu interesse, cada um mostrando sua força pelo bem buscado para sua categoria.
Em meio a isso enxergo outros movimentos no mundo, sem dono e sem chefe, como aqueles que lutam contra a OMC, ou se rebelam diante do grupo do G8, ou das rodadas de negociação da globalização, vejo grupos ecológicos e vegetarianos, lutando pelo bem de todos e inclusive dos que lhes combatem e me pergunto, onde deveríamos estar?
Eu tenho sido parte da BICICLETADA, um desses movimentos sem chefe, que faz duas coisas centrais para imaginar um outro mundo possível: critica a loucura presente, e com alegria promove a esperança e anima, energizando, a criatividade necessária para a construção de um outro modo de viver a partir da locomoção auto-propelida. É uma gota d'água no oceano, mas é uma gota pelo bem comum.
A maioria ali está apoiando um movimento para o bem de todos, sem classe, sem partido e sem sindicato. Ao contrário dos grupos classistas, lutamos ali por todos e promovemos algo melhor para todos. Não se está ali para impor outra ordem, mas para dar espaço a todas as ordens.
Na próxima vez que for participar de algo, olhe bem para você e veja por quem seus "sinos dobram".
A proposta cristã tem sido de amar o vizinho como a si mesmo, pensar nele muitas vezes primeiro, buscar a paz para todos e não mostrar sua força sobre todos, como muitas vezes fez a cristandade.
Quando os direitos individuais se sentem ameaçados, os temas são outros mas sempre em busca do melhor para nós mesmos, e o melhor talvez seria se em nós o tema que movesse fossem os outros: Outros amigos outros vizinhos, outros filhos, outros netos.
Caso contrário, como diz Copani, talvez seja melhor guardar a panela de teflon no armário da cozinha, deixa-la cozinhando, ou nas bonitas lojas do Shopping Center, ao invés de bate-la com a força da ideologia dominante.
Se nos escutarem, que escutem como sinos que dobram, e se perguntarem , por quem dobram os sinos, saiba, eles dobram por ti e por todos.
Assista aqui o vídeo de Copani e logo abaixo a tradução da letra da canção.
depois saia por ai de Bicicleta ou a pé, e veja como melhorar o mundo ao seu redor.

CACEROLA DE TEFLON - Ignacio Copani

Não te ouvi... Nos dias do silêncio ensurdecedor

Não te ouvi junto às mães da dor,
não soaste nem de longe, pelos
pequenos, pelos velhos esquecidos.
Não te ouvi... Pode ser que já não esteja ouvindo bem,
mas nas bordas das rotas de Neuquén,
não te ouvi enquanto matavam pelas costa meu professor

E entre nossos cantos desaparecidos
eu jamais ouvi o som de tua tampa resistente,
que resiste em compreender que há
tanta gente que em seus pobres recipientes só guarda uma ilusão.

Caçarola de teflón, volta para estante,
que a rua é das panelas militantes,
com valente aroma de panela popular.

Caçarola de teflón, volte aos bazares
ou a soar com os tambores militares
como tantas vezes te escutei soar.

Não te ouvi... quando o ruído das fábricas parou
quando abril seu mar de lágrimas encheu.
Não te ouvi com os parentes do dezembro adolescente, asfixiado.

Não te ouvi. Pode ser que meus ouvidos ouçam mal,
mas não escutei na exposição rural,
reclamar pela diária dos peões ervateiros,
pela rentabilidade dos empregados,
pelo tempo vindouro, para que venha para todos.

Não te ouvi nem te ouvirei porque não há modo
de juntar teu avaro cotovelo com meu aberto coração.

Caçarola de Teflon, volta pra estante

dos móveis das casas elegantes
que as cozinheiras vão sentir saudades.


Caçarola de Teflon, volte aos bazares
ou a soar nos concertos liberais
como tantas vezes te escutei soar.

Não te ouvi na poente de Kosteki y Santillán
Não te ouvi pelo engenho em Tucumán.
Não te ouvi nos desalojamentos nem nos bairros inundados deste lado.

Não te ouvi, na esquina de Rosário que estalou
Quando o anjo da bici se calou
e seus anjos pequeninos ficaram sem comida.

E jamais te ouvi na vida repicar desde aqui debaixo
por um jovem sem trabalho, à deriva.
Deve ser que desde cima,
desde os pisos mais altos
não se veja nunca o espanto e as feridas.

Caçarola de Teflon, volta pra estante.
Eu fico em uma marcha de estudantes
Onde tu nunca soubestes ressoar.

Caçarola de Teflon, volta aos bazares
ou a encher-te dos mais ricos manjares
que na rua não se costumam encontrar.
Caçarola de Teflon, vai …cozinhar

sábado, 2 de agosto de 2008

O ANJO DA BICICLETA

ABAIXEM AS ARMAS, QUE AQUI SÓ TEM GAROTOS COMENDO


Andar de bicicleta, em uma ciclovia curva e que leva nada a lugar nenhum, somente pelo lazer e desfrute, pode ser um hábito saudável e uma forma de desligar do dia-a-dia e do corre-corre.

Mas a bicicleta possui um poder e um simbolismo maior para muitos. Para estes, usá-la tem sido uma forma central de resistência, de crítica e de anúncio. Com ela se resiste a sucumbir à cultura auto-destrutiva do automóvel, com ela se estabelecem críticas à sociedade da aparência e da sensação de poder que se tem em montar em um carro e sair por ai com a atitude de dono do mundo, isolado do resto da criação. E com ela se anuncia um outro mundo possível, à mão e disponível para começar a ser vivido já. Ela traduz um jeito de ser e viver, um determinado reencontro com a humanidade e traz a possibilidade de voltar a enxergar os que estão ao lado. Ela é, como dizia Ivan Illich, o veículo da revolução, que se faz nem tão rápida como a pretensão do automóvel, nem tão lenta como a marcha a pé, mas “preferencialmente sobre duas rodas”.


Uma das pessoas que recentemente mostrou esse poder da fraqueza tendo como símbolo a querida 'magrela' foi Claudio Hugo “Pocho” Lepratti (27/02/1966 – 19 de Dezembro de 2001).

Conhecido como o “anjo da bicicleta”, este ativista foi morto em Rosário, Argentina em meio aos protestos que marcaram a grave crise que aquele país passou e que teve seu cume com a renúncia do presidente de La Rua, naquela mesma semana de 2001.

Há somente 7 anos atrás a população argentina enfrentava desemprego de mais de 50% de sua população. Fome e miséria faziam parte da realidade de muitos, e como sempre nesses casos, quem mais sofre são as crianças, que têm seu presente oprimido e seu futuro roubado, e os velhos, que têm seu passado desrespeitado.


Em meio a esse quadro, um jovem professor de filosofia, um assumido teólogo de rua, um cristão comprometido com a causa do pobre, subia na sua bicicleta e dava de comer, para a alma e para o corpo, a meninos e meninas do bairro pobre, da “Villa Miseria”, onde decidiu viver para servir. Eis aqui sua história breve.


Lepratti nasceu em Concepción del Uruguay, Entre Ríos, e estudou direito entre 1983 e 1985, enquanto ao mesmo tempo era um colaborador dos Salesianos de Dom Bosco. Depois disso ele entrou no seminário salesiano Ceferino Namuncurá em Funes, Santa Fe, como irmão cooperador. Ele estudou filosofia e se tornou professor.


Os estudantes do seminário eram levados a visitar lugares próximos com a finalidade de entrar em contato com a realidade do dia-a-dia dos pobre e com eles trabalhar. Lepratti acabou pedindo para estender esta prática para um constante trabalho entre os pobres, mas seus superiores disseram que ele precisava manter seus votos de obediência e se manter estudando. Devido a isso, após 5 anos ali ele decidiu deixar o seminário e foi viver em uma favela, ou “Villa Miseria”, no Barrio Ludueña, Rosário.


Na paróquia liderada pelo padre Edgardo Montaldo, ele criou e coordenou um número grande de grupos de crianças e jovens, organizou excursões, ateliers, etc. Além disso, ele trabalhou como auxiliar de cozinha nas instalações que proviam comida para as crianças pobres da favela, e ensinava filosofia e teologia na escola paroquial.


O ASSASSINATO


No fim de 2001, a Argentina estava chegando ao máximo de sua crise econômica, marcada por recessão e desemprego extremo. Em 18 de Dezembro, distúrbios, saques e protestos tomaram o país, chegando até à grande Buenos Aires. O Presidente Fernando de la Rua ditou um estado de emergência, suspendendo as garantias constitucionais, e começou uma forte repressão.

Lepratti vivia na 'villa miseria' em Ludueña mas fazia trabalho voluntário diário em uma escola no 'Barrio Las Flores', no sul de Rosário.

Em 19 de Dezembro, a polícia de Santa Fé cercou a área da escola para sufocar um protesto que estava crescendo, com piquetes e bloqueios em avenidas próximas. Lepratti e dois outros membros da equipe subiram ao teto da escola para avaliar a situação, e em meio ao tiroteio, eles começaram a gritar para a polícia pedindo o cessar-fogo, dizendo: “Não atirem, aqui só tem garotos comendo”. Naquele momento, um projetil de chumbo de uma calibre 12 partiu da marma do Policial Ernesto Esteban Velázquez e atingiu Pocho na traquéia, o que o levou a morrer antes de chegar ao hospital.

Pocho fazia tudo isso montado em sua bicicleta. O meio de ir e vir que permite olhar no olho, ver a face, cumprimentar e ser humano. E que ele usava para ir longe e se manter próximo.

Sua morte foi um marco para três movimentos: o de mobilidade urbana, o de compromisso com os pobres e o de comunidades cristãs de base. O símbolo de uma bicicleta alada se espalhou, um
anjo subiu em duas rodas e passou a inspirar outros.

Leon Gieco gravou um clipe com a música “angel de la bicicleta”, que você pode assistir aqui abaixo. Poemas, jornais, e a massa crítica em Buenos Aires têm encontrado em sua história e exemplo uma de suas inspirações; a biblioteca Pocho Lepratti virou um marco no movimento social em Rosário. Mercedes Sosa vai gravar a canção em breve em CD ,e um documentário (estou trazendo para o Brasil em algumas semanas), POCHORMIGA, conta sua história.


E era isso, ele fazia um trabalho de formiguinha, parecia nada, mas aqui estamos nós, discutindo sua vida, exemplo e morte. Mais um santo do dia, mais um anjo, fazendo a revolução, em cima de duas rodas.

Assim, como uma formiga, cada um de nós pode fazer mais com nossa vida e com nossa energia do que entrar no carro e crer que o maior problema que enfrentamos nela é o engarrafamento.

Assista aqui o clipe de Leo Gieco.


quarta-feira, 30 de julho de 2008

Contra o que lutamos?

Um texto bastante conhecido, mais pela beleza literária e poética do que pela plena compreensão das implicações que o mesmo encerra é aquele que fala da armadura com a qual precisamos estar cingidos para as lutas do dia-a-dia.
Os componentes do kit de sobrevivência para quem deseje passar pela batalha da vida e sobreviver estão ali descritos: verdade, justiça, a mente em estado de alerta quanto ao que seja realmente uma boa notícia e de onde vem a paz (não do poder estabelecido mas da periferia do império), uma inabalável esperança calcada na confiança e credibilidade de Deus, o que nos ajuda a combater o “realismo” dominante que tenta cooptar ou domesticar o possível, a restauração de áreas outrora caóticas de nossas vidas; o manejo e o conhecimento da Palavra de Deus feito com expertise e arte; a prática da oração e da súplica por si e por outros como forma de manter-se em posição adequada de humildade e dependência.
No entanto, e apesar de estas já serem em si orientações extremamente relevantes, é no foco da luta da vida que eu gostaria de gastar um tempo hoje.
O texto diz que nossa luta não é contra sangue e carne. Isso quer dizer que quando nos damos conta de contra quem lutamos, chegamos à conclusão de que nenhum ser humano é, ou pode ser considerado, o objetivo contra o qual lutamos. Eleger inimigos, sejam eles pessoais ou genéricos, dando a eles nomes próprios ou de grupos (homosexuais, direitistas, esquerdistas, machistas, patrões, sindicalistas, conservadores ou liberais) é perder de vista o ponto e simplificar a luta ao rótulo que alguém ostenta e errar o alvo.
Meu inimigo nunca é meu irmão, seja ele quem for. Mesmo que ele se considere meu inimigo, mesmo que ele ou ela pessoalmente me odeiem.
O texto diz: nosso alvo são "poderes e autoridades"; em grego archia e exousia. Para deixar mais claro diz “contra os dominadores deste mundo tenebroso” e mais “contra forças espirituais do mal”. Quando chega nesse ponto o passo mais fácil é dar um pulo e espiritualizar tais conceitos e começar a caçar fantasmas e capetas em tudo que é armário. Vamos com calma.
Tudo tem lá a sua espiritualidade, um sopro que anima cada coisa, e esse sopro pode ser para a vida ou para a morte. A maior bobagem é tentar entender o mundo sem a compreensão de que o que nos anima é sempre uma forma de espiritualidade. A busca de consumo desenfreado, a luta de poder e o prazer a qualquer custo são demonstrações de valores animadores, de um convencimento de que a vida é para ser consumida, usufruída e uma fonte de prazer egoísta. Isso é uma espiritualidade. E anima o mercado, governos e o marketing, basta olhar.
O texto nos lembra que nossa luta não é contra o dono do supermercado, contra a pessoa do político ou o marqueteiro. Nossa luta, e ela existe, é contra o sistema que torna possível tal estado de coisas, animado por um tipo de espiritualidade destrutiva e corrosiva, além de antropocêntrica e insustentável.


É o sistema que torna tal estado de coisas que é nosso alvo de luta. É seu desmantelamento que promovemos, e não sua melhoria. Nesse sentido o chamado cristão é e sempre foi revolucionário, indesejável e ameaçador.
O sistema de poder e domínio que controla o mundo, que induz ao uso de transportes poluentes, que consome hoje sem levar em consideração o futuro de filhos e netos, que enfeia tudo e borra toda arte, beleza, harmonia e poesia, que reduz a cultura ao entretenimento, que escolariza crianças para se tornarem servos do mercado e recursos consumíveis numa roda viva de busca de dinheiro, que joga uma massa de adolescentes e jovens na apatia e no adormecimento, que considera a violência, contra o cidadão ou contra o bandido ou o do outro time, como algo banal e justificável, que afasta mães e pais de seus filhos oferecendo “cuidados” integrais para que aqueles continuem uma vida de escravidão ao trabalho, que transforma a tudo e a todos em commodities e que no fim de tudo oferece um carnaval ou uma religião do “pare de sofrer e ganhe sempre”, que acha tudo desnecessário e radical desmerecendo a alternativa, ora perseguindo-a ora tratando com descaso, que come carne demais e cozinha de menos, esse sistema é que deve ser combatido.
Da mesma forma a igreja combateu os valores e espiritualidade do Império Romano, da mesma forma os profetas combateram os sistemas dos reis de cada época, do mesmo modo os artistas denunciaram as ditaduras e cantaram seu fim. Somos chamados a nos insurgir e viver em desacordo com os poderes e autoridades deste mundo tenebroso, super aquecido, poluído e dominado pelo mercado.

Somos chamados a, em meio à pressão para consumir, sermos moderados, em meio à busca de prazer, praticar a renúncia, em meio à pressa, andar de bicicleta e a pé, quando pressionados a viajar, aprender a ficar, quando o caminho fácil for o video-game, reaprender a brincar com o filho, desligar a TV e passear no quarteirão. A dizer não obrigado ao governo e às autoridades e cuidar de nossa própria vida com nossa própria força e autopropulsão.
A entender que o que precisamos não é de mais, é de menos, e que uma nova espiritualidade está ao alcance da mão, e dela podemos receber a animação para a vida.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Um dia de Funeral






Há um ano escrevi este texto, em 10 de Julho de 2007. Achei que, passado um ano, seria interessante reler e ajudar a alguns a entender o contexto do que vivemos por aqui.
Se servir de algo para alguém, ficarei feliz.
Abraço
Claudio


Por que vir à igreja no Domingo de manhã?

Por que vir à igreja no Domingo de manhã?
Por que se dedicar a obras sociais, às artes, a fazer o bem ou embelezar o mundo ou cuidar sustentável e ecologicamente das coisas?
Por que criar filhos melhores do que nós, tentar ter casamentos e administrar a vida de forma saudável?

As respostas que recebo geralmente soa um reto-tono, Por que me sinto bem, porque me faz sentir parte do corpo, porque alimenta minha fé, porque Deus fala comigo, porque sou edificado, porque aumenta minha visão... e por ai vai
O que percebo? à EU , EU, EU
Mesmo quando ouço “nós”, a maioria das vezes é um nós com sotaque de Eu.
O que poderia ser uma boa Razão para nós, deveria estar calcado em nossa fé. Mas fé em quê?

A maioria das boas pessoas do mundo tem fé.
Fé em um ideal, em um mundo melhor, um desejo de bem e uma cornucópia metafísica de possibilidades. Sinceramente, estes ideais, desejos e sonhos, por mais belos que sejam, por mais puros e cheios de boa intenção, apresentam pouca consistência comparados à materialidade do mal, à realidade das sombras, do egoísmo, do autoritarismo e dos poderes que nos cercam opressivamente na forma de governos, autoridades e do mercado.
Diante de tais forças, o idealismo ganha não mais que tapinhas nas costas e uma sensação temporária de consciência e merece ser chamado realmente de falsa consciência.
Calcar nossa ação no desejo de uma vida melhor é só isso: Falsa consciência e auto-engano, e se a razão for de natureza religiosa só resta chamá-la pelo nome: falsa crença.

O cristianismo, desde sua origem, se mostrou distinto de tudo que ai está por um motivo básico: A razão de nossa fé está atrás e não à frente de nós. Não é nem mesmo a Nova Jerusalém ou o Céu, uma coroa ou uma cidade idílica, que moveu à frente os cristãos desde o princípio, nunca foi. Só a religião da cristandade, fundada no idealismo de Platão, lançou para frente e de maneira idílica e desencarnada, o motivo que originalmente esteve sempre atrás do ponto de vista histórico.

A nossa razão está descrita em I Cor. 15 e é só uma: JESUS RESSUSCITOU!

O que quer dizer isso?

Vejamos o texto:

1-8 Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente a lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.

Respondendo à primeira pergunta:
A partir da subida do Senhor Jesus aos céus, os primeiros cristãos, bons judeus que iam à sinagoga todo sábado e ao Templo para orar sentiram que faltava algo, que o que haviam testemunhado era muito grande.
O que nos faz sair de casa e ir encontrar os amigos, celebrar com estranhos e parar tudo e decretar feriado? O dia da independência, o descobrimento, a república.
Pois estes cristãos estavam diante de algo maior que tudo isso e com mais provas concretas e materiais que a descoberta do Brasil. (que, aliás, foi achado e não descoberto...)
O amigo deles, seu líder, foi preso como preso político, torturado, crucificado, exaurido de seu sangue, baixado por alguns deles, esfriou, ficou roxo, duro, foi colocado em uma sepultura, ficou três dias lá e depois saiu andando, comeu com eles, ficou aparecendo por 40 dias, convivendo, dando instruções, abraçando, cozinhando para eles, e depois se reuniu com 500 deles para se despedir e subiu ao céu flutuando, e eles viram!
Tinham de marcar uma data e um feriado, mas uma vez por ano era pouco, uma vez ao mês não dava, toda semana era melhor, logo de manhã, para lembrar, contar esta mesma história, inúmeras vezes, e se alegrar e animar uns aos outros diante de uma crescente oposição e começar a viver animados pelo que havia acontecido, mudando sua relação com dinheiro, posses, casamentos, prioridades.
Como o tempo passa e as novas pessoas chegam, eles foram espalhando a história e demonstrando aqui e ali, com sinais e prodígios, com vida alternativa e com curas, com milagres e novas prioridades que o que falavam era de verdade. E nem todos os fins de semana nos últimos dois mil anos seriam suficientes para parar de celebrar.

Pois bem, Uma vez que Jesus ressuscitou, eu saio de casa e vou encontrar meus amigos, celebrar, comer junto e não faço mais nada DECRETO FERIADO! E se por força maior sou obrigado a fazer alguma coisa, me lembro que é dia do Senhor, paro onde estiver e celebro. Por que um outro mundo é possível e está atrás de mim, e não num desejo lançado à frente de forma idealista.

11 Portanto, quer tenha sido eu, quer tenham sido eles, é isto que pregamos, e é isto que vocês creram.
Agora o que acontece quando eu não vou me reunir no Domingo de manhã? Nem me envolvo com nada? Nem me transformo diante das demandas do mercado, do estado e da sociedade? Na prática só tem uma resposta, oposta à anterior: é por que, independente mesmo de meu assentimento com o fato histórico da ressurreição, para mim, Jesus não ressucitou. Pois se ele não ressuscitou, para quê tomar minha cruz a cada dia e seguir? Se ele não ressuscitou, para que priorizar parar minhas atividades e estar com os irmãos? Para quê me envolver com um mundo melhor? Para quê ser ético?

12 - 14 Ora, se está sendo pregado que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm.

E tem mais uma implicação:

15 Mais que isso, seremos considerados falsas testemunhas de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo dentre os mortos.
E mais:

17 E, se Cristo não ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados.
Sabe como deve ser visto alguém que se envolve nisso tudo por qualquer outra razão?

19 Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão. 30-32 Também nós, por que estamos nos expondo a perigos o tempo todo? Todos os dias enfrento a morte, irmãos; isso digo pelo orgulho que tenho de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. Se foi por meras razões humanas que lutei com feras em Éfeso, que ganhei com isso? Se os mortos não ressuscitam,“comamos e bebamos,porque amanhã morreremos”

Bem irmãos, e nossa igreja? E como será nossa construção? O que tenho eu a dizer a partir destas coisas?

O ser humano tem uma atração pela estabilidade, que na minha cabeça só pode ser explicada pela nossa atração pela morte, o estado mais estável e final da entropia que nos devolve ao caos.
E hoje eu acho que chegou a hora de fazer algo que está para ser feito desde Fevereiro de 2005 em meu coração. Dirigir um funeral.

Uma igreja tem sempre duas opções: Ser um organismo ou ser uma organização. Mesmo sendo as duas coisas, ela deve decidir o que é. Desde o começo dizemos dessa aqui ser um organismo, e agimos assim. Todo organismo nasce e cresce.
A igreja do Caminho nasceu evangélica, olhe ai nas costas de sua cadeira branca (para quem conhece nossas cadeiras). Logo, adolesceu Vineyard, passou sua crise de adolescência, se reproduziu como Do caminho e atua no mundo como Casa da Videira.
Há dois anos eu avisei que a vespa tinha mordido a lagarta (se você não entende a metáfora eu explico[1]), e que uma nova vida se gerava dentro dela.

Eu pessoalmente fui assumindo minha auto-excomunhão do meio evangélico. Já avisei algumas vezes e vou repetir: não sou evangélico, fui, não quero ser e nem serei. Não quero ficar explicando o mal comportamento, a sede de poder, as esquisitices e as maluquices de pseudo apóstolos, auto-proclamados teólogos e mentores espirituais, teólogos arrogantes desconectados da vida real, políticos da bancada evangélica (eu não tenho bancada mesmo e se tivesse seria composta de gente como o Gabeira e a Heloisa helena, a marina Silva e o Saturnino Braga, mas nem pra isso eu ligo como anarquista).
Sigo Jesus, dê você o nome que quiser a isso. E sigo esse crucificado, morto na cruz como perigoso inimigo do Estado, que demonstrou ser o Filho de Deus e salvador do mundo ao ressuscitar dentre os mortos, que venceu o diabo e suas hostes na cruz, que riu-se da morte na vitória do Domingo, que mostrou, na sua vida materialmente ressuscitada, que outro mundo é possível; subiu aos céus diante de 500 testemunhas, que deram sua vida por dizerem que viram o que viram e tocaram quem tocaram; que enviou seu Espírito Santo como consolador e presença em nós até que ele volte e sejamos restaurados completamente, uns pela ressurreição, outros pela transformação de seus corpos. Chame isso do nome que quiser, é nisso que creio.

Coletivamente, creio no corpo de Cristo, sua noiva, sua Igreja. Que devido a essa ressurreição, vive como se já tudo houvesse acabado, que não tem preguiça de se reunir, nem preguiça de trabalhar , nem preguiça de se comprometer com algo mais que seu ventre e seus apetites. Que busca sinergia para fazer diferença e anunciar esta mesma coisa: Um outro mundo é possível por que Jesus ressuscitou.

Nesse sentido, mesmo não mudando de nome, nem de estatuto, nem deixando de ter culto aqui no domingo que vem, hoje é dia de funeral. A igreja do caminho, a que foi, morre aqui. Não tem volta

33 -34 Não se deixem enganar: “As más companhias corrompem os bons costumes”. Como justos, recuperem o bom senso e parem de pecar; pois alguns há que não têm conhecimento de Deus; digo isso para vergonha de vocês.
O modelo inicial deste organismo deu o que tinha para dar, sinais de vida se apresentam numa intensidade enorme nos últimos dois anos de gravidez. De artes, crianças, bazares, festas, alegria, sabões, danças de salão, feiras orgânicas, casamentos e nascimentos, crianças melhores que nós e que fazem delícias caseiras, almoços, projetos, estudos, grupos, amizades, coisas lindas, reciclagem, costura, marcenaria, discipulado e educação, Brado, dança portuguesa, projetos, exposições, filmes e passeios. Estas coisas são sinais da ressurreição, é vida incorruptível. E como diz a Bíblia:
53-54 Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”
e diante de olhar destas coisas
55 -57 “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
A palavra final se dá no último versículo do capítulo, uma dobradiça e um exemplo.
58 Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o
trabalho de vocês não será inútil.

Interessante notar o próximo versículo (lembre que esta é uma carta sem divisões artificiais em capítulos e versículos):

16:1-2 Quanto à coleta para o povo de Deus, façam como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar.

Diante de um assunto tão espiritual, Paulo cai no assunto prático e segue em frente.

O que isso quer dizer e o que quero fazer hoje?

Se para você faz sentido isso que falei, eu peço que reconsidere sua vida. Se está tudo bem e certo, ótimo. Se seu motivo é a ressurreição, excelente. Se quiser participar do novo nascimento que ai está, vamos neste novo organismo, mesmo com o mesmo nome, ainda que temporariamente. Peço-te uma coisa, enterre o passado.
A IEDC morreu, A comunidade de Cristo morreu, a Vineyard do Caminho morreu, e não vão voltar. Temos isso aqui, uma igreja que vai passar a celebrar todo domingo um único assunto, que anuncia uma única coisa: Nosso Deus viveu, foi torturado e morto. Sepultado. Viveu de novo e mostrou que a possibilidade é real e concreta e nisso nos sustentam uma enorme quantidade de testemunhas, e quando duvidamos, seu Espírito Santo vem nos socorrer com intervenções milagrosas, coincidências, encontros e prodígios.

Se quiser seguir adiante, levante-se em sinal de respeito ao bom organismo que, morto, se vai, deixando-o para trás. E levante-se em sinal de compromisso com Jesus e com Deus, com a ressurreição. Levante-se em sinal de abandono de sua vida egoísta, levante-se para assumir uma vida sem exigências com Deus, mas de compromisso. Levante-se em sinal de feriado, de nova vida, de colocar de novo em prioridade estar com os irmãos e viver a celebração do ressuscitado.

Se Jesus não ressuscitou, não se levante, ninguém é obrigado a crer.
Se não quiser se comprometer com prioridade, fique ai. Se quiser o que já conhece, uma vez que aqui não o terá, fique em paz, você não está errado, está só no lugar errado.
Estou plantando de maneira assumida, a aprtir desse momento, outra igreja, mesmo que o endereço seja o mesmo, o lugar o mesmo, e algumas pessoas sejam as mesmas. Mas o sorriso é outro, o compromisso é outro e a mensagem ainda mais clara e única, com vidas e palvras: Jesus ressuscitou e voltará.

Você decide se quer ser parte dessa nova plantação, se não quiser, só mande um bihetinho, ou um recado por alguém.

Quer caminhar junto? Bem-vindo. Quer ficar na sua? Faça um favor a você mesmo: busque um lugar onde você não vá sofrer, em que terá suas necessidades atendidas e satisfeitas. Aqui estaremos ocupados e vivendo austeridade, celebrando, buscando descobrir maneiras relevantes de proclamar a ressurreição e trabalhando duro, e para variar sem dinheiro e dependendo de Deus. Não para sermos bonzinhos, isso nos tornaria dignos de compaixão. Mas buscando a maturidade, e esperando a volta final de Jesus.
I cor. 15: 21-29 Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram. Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque ele “tudo sujeitou debaixo de seus pés”c. Ora, quando se diz que “tudo” lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o próprio Deus, que tudo submeteu a Cristo. Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos.





[1] Referência a certas vespas utilizadas para o controle biológico de pragas de lagarta e que mordem as lagartas, que seguem vivas por um tempo e depois vão parando até morrer e virarem elas mesma um casulo onde se desenvolvem novas vespas, que um dia rompem a casca e saem voando.