terça-feira, 17 de junho de 2008

Algumas coisas sobre aprender

Estou escrevendo da parte das Índias ocidentais que fica entre o Império e o cone sul, aqui numa Costa, Rica, cheia de verde e gente. Não sei como será meu acesso à rede aqui nestas bandas, por isso gostaria de recomendar que se eu sumir uns dias talvez lhe ocorresse dar uma relida em algumas postagens anteriores, além desta que estou começando agora. Se quiser fazer uma reflexão sobre a arrogância e a falta de capacidade de se perceber você pode ler FAREMOS TUDO FIELMENTE ; ou se quiser saber algo sobre meio ambiente pode ler BONIFACIO E O MEIO AMBIENTE ; ou pode dar uma passeada pelos últimas postagens ai ao lado.

Hoje eu queria fazer uma breve reflexão sobre alguns aspectos da aprendizagem.Estou aqui convidado para um evento onde sou o palestrante de fora. E estou com minha velha posição de não preparar nada antes de chegar, mas de buscar estar o mais preparado possível para ouvir às pessoas. E isso causa um tremendo mal-estar nos meus amigos que tanto gostam de power points e notas prévias, quando me proponho a viajar tanto para perguntar : E vocês... o que querem saber?
Isso porque estou aqui para partilhar um pouco do que tenho aprendido enquanto aprendo de outras experiências. E, contra o senso comum, aprender não é o o eterno acumular de coisas novas, uma sobre a outra, mas sim a constante construção de sínteses que demandam a disposição para duas tarefas: Aprender o novo e, humildemente, desaprender aquilo que se percebe parcial, equivocado e que nos tenha levado ou a becos sem saída ou a dificuldades desnecessárias em nossa vida.A habilidade de aprender o novo depende da humildade para desaprender algumas coisas equivocadas.Mas ainda existe outro problema: após aprender e sintetizar novos conhecimentos, corremos um novo risco, o de deixar esse novo saber apodrecer dentro de nós. Aquilo que é aprendido se conserva de uma maneira própria ao conhecimento e à sabedoria: o que se tem só se mantém se for intensamente usado, ao contrário de outras coisas que se conservam pelo pouco uso, como dinheiro ou cristais.
Para isso só existe uma coisa a ser feita, uma única maneira de usar o que se sabe. E quem nos dá a dica é Cora Coralina "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina". Somente alguém como ela, simples e profundamente sábia (aliás se nunca leu uma de suas poesias desfrute algumas clicando aqui) para trocar a via fácil de ensinar pela estreita caminhada do partilhar. Porque o transferir aqui não tem o sentido de depositar, é assim como quem tem algo e o divide com o outro como quem transfere um direito que antes era só seu, como quem dá a quem chega em casa a chave da porta.
Me chamaram aqui para ensinar... espero não fazer isso... mas simplesmente aprender e ser sábio o suficiente para compartilhar o pouco do pouco que sei.
Deixo a todos com um poema de Cora, sobre a vida e o aprendizado dela.





Cora Coralina (Poemas dos Becos de Goiás )

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces: Positiva e negativa


O passado foi duro mas deixou o seu legado


Saber viver é a grande sabedoria


Que eu possa dignificar Minha condição de mulher,


Aceitar suas limitações


E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando.


Nasci em tempos rudes


Aceitei contradições lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo


Aprendi a viver.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da referência, e da humildade de quem sabe ser sem querer parecer: pedra de segurança para os valores que vão desmoronando... um visão da Rocha, nosso Cristo, pedra de segurança para todos os momentos! E, Cláudio, concordo com vc: para aprender, é preciso desaprender. E como é difícil abrir mão de nossos confortáveis paradigmas...
Abração,
Gustavo, agora, um desaprendiz!

Sheila Friedemann Scheguschevski disse...

Ótimo texto Claudio! Só fiquei me perguntando se assim como a sabedoria precisa ser usada para ser conservada, se com o dinheiro podemos lidar de forma semelhante. Para fazer negócios precisamos de dinheiro. A diferença seria trabalhar COM o dinheiro e não POR dinheiro. Trabalhar para mantê-lo e assim poder trabalhar mais. E entendendo trabalho como transformação da realidade, transformar mais.

faby disse...

Oi Claudio! Passei aqui para conhecer um pouquinho mais sobre a filosofia que voces vivem, conhecer voce e a grande familia que voces formam. Ja ouvi falar muito a respeito dessa filosofia atravez da Lirane e Halley e agora com o blog poderei ter mais contato, continue escrevendo, continuarei lendo e aprendendo!!
Fabi