Os textos do lecionário de hoje me fizeram pensar.
Um povo, preservado mesmo em situações que pareciam sem escape, foi levado a fazer um pacto diante do qual saíram com a frase acima.
Anos depois... bem anos depois, tudo virou promessa de paixão nunca transformada em amor de verdade. Um descaso aqui, uma corrupção acolá, uma negligência um pouco mais à frente... e tudo acabou em tragédia. Mesmo assim, foram restaurados vezes sem fim. Mesmo assim, um verniz de arrogância, a negação da própria fragilidade, hipocrisia e a superficialidade do legalismo passaram a marcar sua atitude.
Os textos (Êxodo 24:1-8, Romanos 2:17-29, Salmo 31:1-5,19-24) me fazem pensar na minha própria presunção, tomar uma dose de simancol e a me dar conta de como é fácil escorregar para a arrogância e hipocrisia depois que o pior já passou; a tomar muito cuidado com aquilo que digo, para evitar ter de morder a língua por querer parecer aquilo que não sou. Sendo um homem que mais errou do que acertou ao longo da vida, nada poderia ser melhor para abrir esse blog, pretendo seguir com cuidado e escrever reconhecendo minhas próprias fraquezas e incoerências.
Porém, não posso deixar de considerar o texto de Romanos como uma fonte de reflexão para nossos dias, em particular sobre todos que nos chamamos “povo de Deus”, católicos, protestantes, nominais e praticantes.
A descrição de Paulo me faz lembrar do que vejo na mídia:
Orgulho, superioridade, arrogância, incapacidade para o diálogo, moralismo, a mania de sempre ter algo a ensinar, e pouco a aprender, hipocrisia, roubo, corrupção. Pouca coisa poderia descrever melhor o senso comum sobre aqueles que se arvoram como “Povo de Deus”. Também os judeus da época se chamavam assim, e seguiam pelos mesmos caminhos.
E ai vem a frase que calou mais fundo: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vocês.”
Outro dia um amigo cristão falava de um caso de plágio que o aluno de um colega seu tinha apresentado como monografia – uma prática disseminada pelo control C control V de nossa cultura preguiçosa. Meu amigo disse ao colega: “Bem... reprova”. E ai ele levou o soco no estômago. O amigo dele disse: “E o camarada ainda é pastor!”.
Está ai o exemplo do nome de Deus sendo blasfemado entre os gentios por causa de quem diz servi-lo. O amigo de meu amigo não é teólogo, mas sabe reconhecer perfeitamente a falsidade de quem diz ser e não passa de uma nota de três reais.
Deus faz um acordo e a gente rompe. Se fosse só isso, mas o caso é que ao romper, além de sujar o próprio nome, emporcalhamos o de Deus, e em público.
Eu já fiz dessas na vida, fui dessa mesma laia. E como me arrependo! Se eu pudesse voltar o tempo para trás...
Hoje não digo mais o que sou, busco manter em mente de quem sou. Como não sou meu, mas de Deus, tento manter em bom estado a propriedade alheia. Até porque ninguém pode dizer se é ou não “Povo de Deus”a não ser Ele mesmo. Deixo com ele, e com os outros, o julgamento ao olhar e ver se existe orgulho ou humildade, superioridade ou igualdade, arrogância ou serviço e diálogo, moralismo ou graça, a mania de sempre ter algo a ensinar ou a capacidade de aprender, hipocrisia, roubo e corrupção ou honestidade. Uma coisa é certa, seja para agradecer a Deus ou para sujar o nome dele, somos sempre os responsáveis por mostrar até onde vai a nossa fidelidade.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
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