Há um ano escrevi este texto, em 10 de Julho de 2007. Achei que, passado um ano, seria interessante reler e ajudar a alguns a entender o contexto do que vivemos por aqui.
Se servir de algo para alguém, ficarei feliz.
Abraço
Claudio
Por que vir à igreja no Domingo de manhã?
Por que vir à igreja no Domingo de manhã?
Por que se dedicar a obras sociais, às artes, a fazer o bem ou embelezar o mundo ou cuidar sustentável e ecologicamente das coisas?
Por que criar filhos melhores do que nós, tentar ter casamentos e administrar a vida de forma saudável?
As respostas que recebo geralmente soa um reto-tono, Por que me sinto bem, porque me faz sentir parte do corpo, porque alimenta minha fé, porque Deus fala comigo, porque sou edificado, porque aumenta minha visão... e por ai vai
O que percebo? à EU , EU, EU
Mesmo quando ouço “nós”, a maioria das vezes é um nós com sotaque de Eu.
O que poderia ser uma boa Razão para nós, deveria estar calcado em nossa fé. Mas fé em quê?
A maioria das boas pessoas do mundo tem fé.
Fé em um ideal, em um mundo melhor, um desejo de bem e uma cornucópia metafísica de possibilidades. Sinceramente, estes ideais, desejos e sonhos, por mais belos que sejam, por mais puros e cheios de boa intenção, apresentam pouca consistência comparados à materialidade do mal, à realidade das sombras, do egoísmo, do autoritarismo e dos poderes que nos cercam opressivamente na forma de governos, autoridades e do mercado.
Diante de tais forças, o idealismo ganha não mais que tapinhas nas costas e uma sensação temporária de consciência e merece ser chamado realmente de falsa consciência.
Calcar nossa ação no desejo de uma vida melhor é só isso: Falsa consciência e auto-engano, e se a razão for de natureza religiosa só resta chamá-la pelo nome: falsa crença.
O cristianismo, desde sua origem, se mostrou distinto de tudo que ai está por um motivo básico: A razão de nossa fé está atrás e não à frente de nós. Não é nem mesmo a Nova Jerusalém ou o Céu, uma coroa ou uma cidade idílica, que moveu à frente os cristãos desde o princípio, nunca foi. Só a religião da cristandade, fundada no idealismo de Platão, lançou para frente e de maneira idílica e desencarnada, o motivo que originalmente esteve sempre atrás do ponto de vista histórico.
A nossa razão está descrita em I Cor. 15 e é só uma: JESUS RESSUSCITOU!
O que quer dizer isso?
Vejamos o texto:
1-8 Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente a lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.
Respondendo à primeira pergunta:
A partir da subida do Senhor Jesus aos céus, os primeiros cristãos, bons judeus que iam à sinagoga todo sábado e ao Templo para orar sentiram que faltava algo, que o que haviam testemunhado era muito grande.
O que nos faz sair de casa e ir encontrar os amigos, celebrar com estranhos e parar tudo e decretar feriado? O dia da independência, o descobrimento, a república.
Pois estes cristãos estavam diante de algo maior que tudo isso e com mais provas concretas e materiais que a descoberta do Brasil. (que, aliás, foi achado e não descoberto...)
O amigo deles, seu líder, foi preso como preso político, torturado, crucificado, exaurido de seu sangue, baixado por alguns deles, esfriou, ficou roxo, duro, foi colocado em uma sepultura, ficou três dias lá e depois saiu andando, comeu com eles, ficou aparecendo por 40 dias, convivendo, dando instruções, abraçando, cozinhando para eles, e depois se reuniu com 500 deles para se despedir e subiu ao céu flutuando, e eles viram!
Tinham de marcar uma data e um feriado, mas uma vez por ano era pouco, uma vez ao mês não dava, toda semana era melhor, logo de manhã, para lembrar, contar esta mesma história, inúmeras vezes, e se alegrar e animar uns aos outros diante de uma crescente oposição e começar a viver animados pelo que havia acontecido, mudando sua relação com dinheiro, posses, casamentos, prioridades.
Como o tempo passa e as novas pessoas chegam, eles foram espalhando a história e demonstrando aqui e ali, com sinais e prodígios, com vida alternativa e com curas, com milagres e novas prioridades que o que falavam era de verdade. E nem todos os fins de semana nos últimos dois mil anos seriam suficientes para parar de celebrar.
Pois bem, Uma vez que Jesus ressuscitou, eu saio de casa e vou encontrar meus amigos, celebrar, comer junto e não faço mais nada DECRETO FERIADO! E se por força maior sou obrigado a fazer alguma coisa, me lembro que é dia do Senhor, paro onde estiver e celebro. Por que um outro mundo é possível e está atrás de mim, e não num desejo lançado à frente de forma idealista.
11 Portanto, quer tenha sido eu, quer tenham sido eles, é isto que pregamos, e é isto que vocês creram.
Agora o que acontece quando eu não vou me reunir no Domingo de manhã? Nem me envolvo com nada? Nem me transformo diante das demandas do mercado, do estado e da sociedade? Na prática só tem uma resposta, oposta à anterior: é por que, independente mesmo de meu assentimento com o fato histórico da ressurreição, para mim, Jesus não ressucitou. Pois se ele não ressuscitou, para quê tomar minha cruz a cada dia e seguir? Se ele não ressuscitou, para que priorizar parar minhas atividades e estar com os irmãos? Para quê me envolver com um mundo melhor? Para quê ser ético?
12 - 14 Ora, se está sendo pregado que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm.
E tem mais uma implicação:
15 Mais que isso, seremos considerados falsas testemunhas de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo dentre os mortos.
E mais:
17 E, se Cristo não ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados.
Sabe como deve ser visto alguém que se envolve nisso tudo por qualquer outra razão?
19 Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão. 30-32 Também nós, por que estamos nos expondo a perigos o tempo todo? Todos os dias enfrento a morte, irmãos; isso digo pelo orgulho que tenho de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. Se foi por meras razões humanas que lutei com feras em Éfeso, que ganhei com isso? Se os mortos não ressuscitam,“comamos e bebamos,porque amanhã morreremos”
Bem irmãos, e nossa igreja? E como será nossa construção? O que tenho eu a dizer a partir destas coisas?
O ser humano tem uma atração pela estabilidade, que na minha cabeça só pode ser explicada pela nossa atração pela morte, o estado mais estável e final da entropia que nos devolve ao caos.
E hoje eu acho que chegou a hora de fazer algo que está para ser feito desde Fevereiro de 2005 em meu coração. Dirigir um funeral.
Uma igreja tem sempre duas opções: Ser um organismo ou ser uma organização. Mesmo sendo as duas coisas, ela deve decidir o que é. Desde o começo dizemos dessa aqui ser um organismo, e agimos assim. Todo organismo nasce e cresce.
A igreja do Caminho nasceu evangélica, olhe ai nas costas de sua cadeira branca (para quem conhece nossas cadeiras). Logo, adolesceu Vineyard, passou sua crise de adolescência, se reproduziu como Do caminho e atua no mundo como Casa da Videira.
Há dois anos eu avisei que a vespa tinha mordido a lagarta (se você não entende a metáfora eu explico[1]), e que uma nova vida se gerava dentro dela.
Eu pessoalmente fui assumindo minha auto-excomunhão do meio evangélico. Já avisei algumas vezes e vou repetir: não sou evangélico, fui, não quero ser e nem serei. Não quero ficar explicando o mal comportamento, a sede de poder, as esquisitices e as maluquices de pseudo apóstolos, auto-proclamados teólogos e mentores espirituais, teólogos arrogantes desconectados da vida real, políticos da bancada evangélica (eu não tenho bancada mesmo e se tivesse seria composta de gente como o Gabeira e a Heloisa helena, a marina Silva e o Saturnino Braga, mas nem pra isso eu ligo como anarquista).
Sigo Jesus, dê você o nome que quiser a isso. E sigo esse crucificado, morto na cruz como perigoso inimigo do Estado, que demonstrou ser o Filho de Deus e salvador do mundo ao ressuscitar dentre os mortos, que venceu o diabo e suas hostes na cruz, que riu-se da morte na vitória do Domingo, que mostrou, na sua vida materialmente ressuscitada, que outro mundo é possível; subiu aos céus diante de 500 testemunhas, que deram sua vida por dizerem que viram o que viram e tocaram quem tocaram; que enviou seu Espírito Santo como consolador e presença em nós até que ele volte e sejamos restaurados completamente, uns pela ressurreição, outros pela transformação de seus corpos. Chame isso do nome que quiser, é nisso que creio.
Coletivamente, creio no corpo de Cristo, sua noiva, sua Igreja. Que devido a essa ressurreição, vive como se já tudo houvesse acabado, que não tem preguiça de se reunir, nem preguiça de trabalhar , nem preguiça de se comprometer com algo mais que seu ventre e seus apetites. Que busca sinergia para fazer diferença e anunciar esta mesma coisa: Um outro mundo é possível por que Jesus ressuscitou.
Nesse sentido, mesmo não mudando de nome, nem de estatuto, nem deixando de ter culto aqui no domingo que vem, hoje é dia de funeral. A igreja do caminho, a que foi, morre aqui. Não tem volta
33 -34 Não se deixem enganar: “As más companhias corrompem os bons costumes”. Como justos, recuperem o bom senso e parem de pecar; pois alguns há que não têm conhecimento de Deus; digo isso para vergonha de vocês.
O modelo inicial deste organismo deu o que tinha para dar, sinais de vida se apresentam numa intensidade enorme nos últimos dois anos de gravidez. De artes, crianças, bazares, festas, alegria, sabões, danças de salão, feiras orgânicas, casamentos e nascimentos, crianças melhores que nós e que fazem delícias caseiras, almoços, projetos, estudos, grupos, amizades, coisas lindas, reciclagem, costura, marcenaria, discipulado e educação, Brado, dança portuguesa, projetos, exposições, filmes e passeios. Estas coisas são sinais da ressurreição, é vida incorruptível. E como diz a Bíblia:
53-54 Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”
e diante de olhar destas coisas
55 -57 “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
A palavra final se dá no último versículo do capítulo, uma dobradiça e um exemplo.
58 Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o
trabalho de vocês não será inútil.
Interessante notar o próximo versículo (lembre que esta é uma carta sem divisões artificiais em capítulos e versículos):
16:1-2 Quanto à coleta para o povo de Deus, façam como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar.
Diante de um assunto tão espiritual, Paulo cai no assunto prático e segue em frente.
O que isso quer dizer e o que quero fazer hoje?
Se para você faz sentido isso que falei, eu peço que reconsidere sua vida. Se está tudo bem e certo, ótimo. Se seu motivo é a ressurreição, excelente. Se quiser participar do novo nascimento que ai está, vamos neste novo organismo, mesmo com o mesmo nome, ainda que temporariamente. Peço-te uma coisa, enterre o passado.
A IEDC morreu, A comunidade de Cristo morreu, a Vineyard do Caminho morreu, e não vão voltar. Temos isso aqui, uma igreja que vai passar a celebrar todo domingo um único assunto, que anuncia uma única coisa: Nosso Deus viveu, foi torturado e morto. Sepultado. Viveu de novo e mostrou que a possibilidade é real e concreta e nisso nos sustentam uma enorme quantidade de testemunhas, e quando duvidamos, seu Espírito Santo vem nos socorrer com intervenções milagrosas, coincidências, encontros e prodígios.
Se quiser seguir adiante, levante-se em sinal de respeito ao bom organismo que, morto, se vai, deixando-o para trás. E levante-se em sinal de compromisso com Jesus e com Deus, com a ressurreição. Levante-se em sinal de abandono de sua vida egoísta, levante-se para assumir uma vida sem exigências com Deus, mas de compromisso. Levante-se em sinal de feriado, de nova vida, de colocar de novo em prioridade estar com os irmãos e viver a celebração do ressuscitado.
Se Jesus não ressuscitou, não se levante, ninguém é obrigado a crer.
Se não quiser se comprometer com prioridade, fique ai. Se quiser o que já conhece, uma vez que aqui não o terá, fique em paz, você não está errado, está só no lugar errado.
Estou plantando de maneira assumida, a aprtir desse momento, outra igreja, mesmo que o endereço seja o mesmo, o lugar o mesmo, e algumas pessoas sejam as mesmas. Mas o sorriso é outro, o compromisso é outro e a mensagem ainda mais clara e única, com vidas e palvras: Jesus ressuscitou e voltará.
Você decide se quer ser parte dessa nova plantação, se não quiser, só mande um bihetinho, ou um recado por alguém.
Quer caminhar junto? Bem-vindo. Quer ficar na sua? Faça um favor a você mesmo: busque um lugar onde você não vá sofrer, em que terá suas necessidades atendidas e satisfeitas. Aqui estaremos ocupados e vivendo austeridade, celebrando, buscando descobrir maneiras relevantes de proclamar a ressurreição e trabalhando duro, e para variar sem dinheiro e dependendo de Deus. Não para sermos bonzinhos, isso nos tornaria dignos de compaixão. Mas buscando a maturidade, e esperando a volta final de Jesus.
I cor. 15: 21-29 Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram. Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque ele “tudo sujeitou debaixo de seus pés”c. Ora, quando se diz que “tudo” lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o próprio Deus, que tudo submeteu a Cristo. Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos.
Se servir de algo para alguém, ficarei feliz.
Abraço
Claudio
Por que vir à igreja no Domingo de manhã?
Por que vir à igreja no Domingo de manhã?
Por que se dedicar a obras sociais, às artes, a fazer o bem ou embelezar o mundo ou cuidar sustentável e ecologicamente das coisas?
Por que criar filhos melhores do que nós, tentar ter casamentos e administrar a vida de forma saudável?
As respostas que recebo geralmente soa um reto-tono, Por que me sinto bem, porque me faz sentir parte do corpo, porque alimenta minha fé, porque Deus fala comigo, porque sou edificado, porque aumenta minha visão... e por ai vai
O que percebo? à EU , EU, EU
Mesmo quando ouço “nós”, a maioria das vezes é um nós com sotaque de Eu.
O que poderia ser uma boa Razão para nós, deveria estar calcado em nossa fé. Mas fé em quê?
A maioria das boas pessoas do mundo tem fé.
Fé em um ideal, em um mundo melhor, um desejo de bem e uma cornucópia metafísica de possibilidades. Sinceramente, estes ideais, desejos e sonhos, por mais belos que sejam, por mais puros e cheios de boa intenção, apresentam pouca consistência comparados à materialidade do mal, à realidade das sombras, do egoísmo, do autoritarismo e dos poderes que nos cercam opressivamente na forma de governos, autoridades e do mercado.
Diante de tais forças, o idealismo ganha não mais que tapinhas nas costas e uma sensação temporária de consciência e merece ser chamado realmente de falsa consciência.
Calcar nossa ação no desejo de uma vida melhor é só isso: Falsa consciência e auto-engano, e se a razão for de natureza religiosa só resta chamá-la pelo nome: falsa crença.
O cristianismo, desde sua origem, se mostrou distinto de tudo que ai está por um motivo básico: A razão de nossa fé está atrás e não à frente de nós. Não é nem mesmo a Nova Jerusalém ou o Céu, uma coroa ou uma cidade idílica, que moveu à frente os cristãos desde o princípio, nunca foi. Só a religião da cristandade, fundada no idealismo de Platão, lançou para frente e de maneira idílica e desencarnada, o motivo que originalmente esteve sempre atrás do ponto de vista histórico.
A nossa razão está descrita em I Cor. 15 e é só uma: JESUS RESSUSCITOU!
O que quer dizer isso?
Vejamos o texto:
1-8 Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente a lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.
Respondendo à primeira pergunta:
A partir da subida do Senhor Jesus aos céus, os primeiros cristãos, bons judeus que iam à sinagoga todo sábado e ao Templo para orar sentiram que faltava algo, que o que haviam testemunhado era muito grande.
O que nos faz sair de casa e ir encontrar os amigos, celebrar com estranhos e parar tudo e decretar feriado? O dia da independência, o descobrimento, a república.
Pois estes cristãos estavam diante de algo maior que tudo isso e com mais provas concretas e materiais que a descoberta do Brasil. (que, aliás, foi achado e não descoberto...)
O amigo deles, seu líder, foi preso como preso político, torturado, crucificado, exaurido de seu sangue, baixado por alguns deles, esfriou, ficou roxo, duro, foi colocado em uma sepultura, ficou três dias lá e depois saiu andando, comeu com eles, ficou aparecendo por 40 dias, convivendo, dando instruções, abraçando, cozinhando para eles, e depois se reuniu com 500 deles para se despedir e subiu ao céu flutuando, e eles viram!
Tinham de marcar uma data e um feriado, mas uma vez por ano era pouco, uma vez ao mês não dava, toda semana era melhor, logo de manhã, para lembrar, contar esta mesma história, inúmeras vezes, e se alegrar e animar uns aos outros diante de uma crescente oposição e começar a viver animados pelo que havia acontecido, mudando sua relação com dinheiro, posses, casamentos, prioridades.
Como o tempo passa e as novas pessoas chegam, eles foram espalhando a história e demonstrando aqui e ali, com sinais e prodígios, com vida alternativa e com curas, com milagres e novas prioridades que o que falavam era de verdade. E nem todos os fins de semana nos últimos dois mil anos seriam suficientes para parar de celebrar.
Pois bem, Uma vez que Jesus ressuscitou, eu saio de casa e vou encontrar meus amigos, celebrar, comer junto e não faço mais nada DECRETO FERIADO! E se por força maior sou obrigado a fazer alguma coisa, me lembro que é dia do Senhor, paro onde estiver e celebro. Por que um outro mundo é possível e está atrás de mim, e não num desejo lançado à frente de forma idealista.
11 Portanto, quer tenha sido eu, quer tenham sido eles, é isto que pregamos, e é isto que vocês creram.
Agora o que acontece quando eu não vou me reunir no Domingo de manhã? Nem me envolvo com nada? Nem me transformo diante das demandas do mercado, do estado e da sociedade? Na prática só tem uma resposta, oposta à anterior: é por que, independente mesmo de meu assentimento com o fato histórico da ressurreição, para mim, Jesus não ressucitou. Pois se ele não ressuscitou, para quê tomar minha cruz a cada dia e seguir? Se ele não ressuscitou, para que priorizar parar minhas atividades e estar com os irmãos? Para quê me envolver com um mundo melhor? Para quê ser ético?
12 - 14 Ora, se está sendo pregado que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm.
E tem mais uma implicação:
15 Mais que isso, seremos considerados falsas testemunhas de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo dentre os mortos.
E mais:
17 E, se Cristo não ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados.
Sabe como deve ser visto alguém que se envolve nisso tudo por qualquer outra razão?
19 Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão. 30-32 Também nós, por que estamos nos expondo a perigos o tempo todo? Todos os dias enfrento a morte, irmãos; isso digo pelo orgulho que tenho de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. Se foi por meras razões humanas que lutei com feras em Éfeso, que ganhei com isso? Se os mortos não ressuscitam,“comamos e bebamos,porque amanhã morreremos”
Bem irmãos, e nossa igreja? E como será nossa construção? O que tenho eu a dizer a partir destas coisas?
O ser humano tem uma atração pela estabilidade, que na minha cabeça só pode ser explicada pela nossa atração pela morte, o estado mais estável e final da entropia que nos devolve ao caos.
E hoje eu acho que chegou a hora de fazer algo que está para ser feito desde Fevereiro de 2005 em meu coração. Dirigir um funeral.
Uma igreja tem sempre duas opções: Ser um organismo ou ser uma organização. Mesmo sendo as duas coisas, ela deve decidir o que é. Desde o começo dizemos dessa aqui ser um organismo, e agimos assim. Todo organismo nasce e cresce.
A igreja do Caminho nasceu evangélica, olhe ai nas costas de sua cadeira branca (para quem conhece nossas cadeiras). Logo, adolesceu Vineyard, passou sua crise de adolescência, se reproduziu como Do caminho e atua no mundo como Casa da Videira.
Há dois anos eu avisei que a vespa tinha mordido a lagarta (se você não entende a metáfora eu explico[1]), e que uma nova vida se gerava dentro dela.
Eu pessoalmente fui assumindo minha auto-excomunhão do meio evangélico. Já avisei algumas vezes e vou repetir: não sou evangélico, fui, não quero ser e nem serei. Não quero ficar explicando o mal comportamento, a sede de poder, as esquisitices e as maluquices de pseudo apóstolos, auto-proclamados teólogos e mentores espirituais, teólogos arrogantes desconectados da vida real, políticos da bancada evangélica (eu não tenho bancada mesmo e se tivesse seria composta de gente como o Gabeira e a Heloisa helena, a marina Silva e o Saturnino Braga, mas nem pra isso eu ligo como anarquista).
Sigo Jesus, dê você o nome que quiser a isso. E sigo esse crucificado, morto na cruz como perigoso inimigo do Estado, que demonstrou ser o Filho de Deus e salvador do mundo ao ressuscitar dentre os mortos, que venceu o diabo e suas hostes na cruz, que riu-se da morte na vitória do Domingo, que mostrou, na sua vida materialmente ressuscitada, que outro mundo é possível; subiu aos céus diante de 500 testemunhas, que deram sua vida por dizerem que viram o que viram e tocaram quem tocaram; que enviou seu Espírito Santo como consolador e presença em nós até que ele volte e sejamos restaurados completamente, uns pela ressurreição, outros pela transformação de seus corpos. Chame isso do nome que quiser, é nisso que creio.
Coletivamente, creio no corpo de Cristo, sua noiva, sua Igreja. Que devido a essa ressurreição, vive como se já tudo houvesse acabado, que não tem preguiça de se reunir, nem preguiça de trabalhar , nem preguiça de se comprometer com algo mais que seu ventre e seus apetites. Que busca sinergia para fazer diferença e anunciar esta mesma coisa: Um outro mundo é possível por que Jesus ressuscitou.
Nesse sentido, mesmo não mudando de nome, nem de estatuto, nem deixando de ter culto aqui no domingo que vem, hoje é dia de funeral. A igreja do caminho, a que foi, morre aqui. Não tem volta
33 -34 Não se deixem enganar: “As más companhias corrompem os bons costumes”. Como justos, recuperem o bom senso e parem de pecar; pois alguns há que não têm conhecimento de Deus; digo isso para vergonha de vocês.
O modelo inicial deste organismo deu o que tinha para dar, sinais de vida se apresentam numa intensidade enorme nos últimos dois anos de gravidez. De artes, crianças, bazares, festas, alegria, sabões, danças de salão, feiras orgânicas, casamentos e nascimentos, crianças melhores que nós e que fazem delícias caseiras, almoços, projetos, estudos, grupos, amizades, coisas lindas, reciclagem, costura, marcenaria, discipulado e educação, Brado, dança portuguesa, projetos, exposições, filmes e passeios. Estas coisas são sinais da ressurreição, é vida incorruptível. E como diz a Bíblia:
53-54 Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”
e diante de olhar destas coisas
55 -57 “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
A palavra final se dá no último versículo do capítulo, uma dobradiça e um exemplo.
58 Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o
trabalho de vocês não será inútil.
Interessante notar o próximo versículo (lembre que esta é uma carta sem divisões artificiais em capítulos e versículos):
16:1-2 Quanto à coleta para o povo de Deus, façam como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar.
Diante de um assunto tão espiritual, Paulo cai no assunto prático e segue em frente.
O que isso quer dizer e o que quero fazer hoje?
Se para você faz sentido isso que falei, eu peço que reconsidere sua vida. Se está tudo bem e certo, ótimo. Se seu motivo é a ressurreição, excelente. Se quiser participar do novo nascimento que ai está, vamos neste novo organismo, mesmo com o mesmo nome, ainda que temporariamente. Peço-te uma coisa, enterre o passado.
A IEDC morreu, A comunidade de Cristo morreu, a Vineyard do Caminho morreu, e não vão voltar. Temos isso aqui, uma igreja que vai passar a celebrar todo domingo um único assunto, que anuncia uma única coisa: Nosso Deus viveu, foi torturado e morto. Sepultado. Viveu de novo e mostrou que a possibilidade é real e concreta e nisso nos sustentam uma enorme quantidade de testemunhas, e quando duvidamos, seu Espírito Santo vem nos socorrer com intervenções milagrosas, coincidências, encontros e prodígios.
Se quiser seguir adiante, levante-se em sinal de respeito ao bom organismo que, morto, se vai, deixando-o para trás. E levante-se em sinal de compromisso com Jesus e com Deus, com a ressurreição. Levante-se em sinal de abandono de sua vida egoísta, levante-se para assumir uma vida sem exigências com Deus, mas de compromisso. Levante-se em sinal de feriado, de nova vida, de colocar de novo em prioridade estar com os irmãos e viver a celebração do ressuscitado.
Se Jesus não ressuscitou, não se levante, ninguém é obrigado a crer.
Se não quiser se comprometer com prioridade, fique ai. Se quiser o que já conhece, uma vez que aqui não o terá, fique em paz, você não está errado, está só no lugar errado.
Estou plantando de maneira assumida, a aprtir desse momento, outra igreja, mesmo que o endereço seja o mesmo, o lugar o mesmo, e algumas pessoas sejam as mesmas. Mas o sorriso é outro, o compromisso é outro e a mensagem ainda mais clara e única, com vidas e palvras: Jesus ressuscitou e voltará.
Você decide se quer ser parte dessa nova plantação, se não quiser, só mande um bihetinho, ou um recado por alguém.
Quer caminhar junto? Bem-vindo. Quer ficar na sua? Faça um favor a você mesmo: busque um lugar onde você não vá sofrer, em que terá suas necessidades atendidas e satisfeitas. Aqui estaremos ocupados e vivendo austeridade, celebrando, buscando descobrir maneiras relevantes de proclamar a ressurreição e trabalhando duro, e para variar sem dinheiro e dependendo de Deus. Não para sermos bonzinhos, isso nos tornaria dignos de compaixão. Mas buscando a maturidade, e esperando a volta final de Jesus.
I cor. 15: 21-29 Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram. Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque ele “tudo sujeitou debaixo de seus pés”c. Ora, quando se diz que “tudo” lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o próprio Deus, que tudo submeteu a Cristo. Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos.
[1] Referência a certas vespas utilizadas para o controle biológico de pragas de lagarta e que mordem as lagartas, que seguem vivas por um tempo e depois vão parando até morrer e virarem elas mesma um casulo onde se desenvolvem novas vespas, que um dia rompem a casca e saem voando.
2 comentários:
Cláudio, duas coisas:
1. essa fala me lembra que o cristianismo é como dirigir o carro à frente, porém, olhando pelo espelho retrovisor. O caminho se faz a partir da "grande nuvem de testemuhas"...
2. pensando na vespa: o ferrão da vespa no mundo é a cruz de Cristo!
Beijos aos irmãos de caminhada, vetores deste novo mundo!
Gustavo.
Já tinha ouvido você falar sobre o porquê de ir à igreja no domingo e nunca mais o esqueci.
Aliás essa semana lembrei quase todos os dias e agora leio esse texto...Muito bom!!
Abraço bem grande,
Vanessa
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