quinta-feira, 23 de julho de 2009

Crente não...

Eu não sei se você já se viu em uma situação na qual parecesse que a única pessoa lúcida presente fosse precisamente você.

São situações que ocorrem muito raramente, quando em uma festa em que todos estão bêbados e somente você bebeu guaraná e água mineral; ou em uma reunião onde todo mundo está alto de tanta maconha e você o único que não fumou; ou quando em visita a um hospício, fecharam a porta e você ficou para trás com um bando de Napoleões, deuses e filhos deles.

Em qualquer dessas situações o incômodo é bastante grande e pode-se chegar à conclusão de que quem está fora de si é você.

Viajando com a família, de férias pelo Nordeste, eu e minha esposa começamos a ter a mesma sensação vendo a febre de consumo ao nosso redor, a comilança de coisas desnecessárias, as compras de bugigangas e produtos “artesanais”, feitos em série do outro lado da calçada. A obesidade enferma se tornando a regra - da qual um dia eu fui vítima e ainda trago marcas indeléveis no meu corpo, que me ajudam a lembrar o quanto meu telhado é de vidro - e a fome dos que servem e que tudo fariam para serem os gordos servidos. Em todos os envolvidos nesse teatro de horrores, o entorpecimento parece a regra, e isso me fez pensar e registrar algumas impressões.

Eu cresci crente, fui jovem crente e me casei crente. E isso queria dizer algumas coisas contra as quais minha geração acabou se rebelando: Crente não bebe, crente não fuma, crente não dança, crente não transa, crente não reage, crente não desobedece, crente não rouba, crente não mente... e mais um monte de coisas que a palavra crente trazia junto consigo.

Hoje faz parte do senso comum, e do bom senso, a noção de que beber demais faz mal, que o fumo mata, que diversão demais aliena, que sexo e amor andam juntos, que a não violência é melhor, que ética é melhor que jeitinho e que verdade é melhor que mentira. Mesmo em uma sociedade de bêbados, fumantes, alienados, devassos, violentos, mentirosos, corruptos, ladrões e desobedientes como a nossa, ficou lugar-comum saber que tudo isso não presta. Vidas simples e regradas deixaram de ser privilégio dos “crentes” e na verdade passaram a ser muitas vezes menos vistas entre os tais como era possível se verificar antigamente.

Sempre me deixou encafifado saber a origem de tais práticas e o que elas teriam a ver com a gente nos dias de hoje.

Uma das ênfases centrais da mensagem do Mestre Jesus foi caracterizada pela expressão “eu porém vos digo”, pela dimensão de uma outra referência ao dizer: “meu reino não é deste mundo”, ou “não seja assim entre vocês” e ainda a recomendação de seguir uma justiça que excedesse a dos legalistas e do direito acadêmico, traduzida pela regra de uma justiça que excedesse a de “escribas e fariseus”. Ao longo dos séculos o mecanismo pelo qual essa dimensão foi vivida sempre tomou o caminho de três passos caracterizados por discernir, julgar e tomar uma atitude decidida em relação àquilo que foi discernido. O que São Tomas de Aquino chama de “Virtude da prudência”.

A primeira coisa que, na minha humilde opinião, os seguidores de Jesus são chamados a discernir é qual seja o “espírito do presente século” ou “Zeitgeist” - nome de um famoso filme atual (e requentado) que muitos gostam de citar – e diante deste espírito saber dar uma resposta, usualmente dialética, contraposta e contra-cultural, que o desnuda, revela sua real identidade.

Cada vez que essa tarefa era cumprida, a comunidade cristã se via diante da necessidade de julgar e, a partir de seu julgamento, dar uma resposta prática que expusesse a farsa, a decadência e a mentira e que apresentasse uma alternativa modelada por outra lealdade, por outro conjunto de valores e a partir daí apresentar um “zeitgeist” alternativo ou ainda melhor, uma ação concreta alternativa.

Foi assim que discernindo o descaso pela vida no Império Romano, cristãos salvavam meninas recém-nascidas deixadas por seus pais para morrer nos lixões da cidade. Em uma igreja que se misturava com a conveniência política, os Pais da igreja foram viver no deserto e no desconforto. Em meio à ignorância e destruição do saber que tomou conta da Europa após a queda do Império, a resposta cristã foram as bibliotecas e os copistas nos mosteiros, diante das cruzadas e da riqueza acumulada, São Francisco se torna o amoroso mendicante que ama os muçulmanos a ponto de servi-los. Em tempos de fé cega, surge São Tomas de Aquino a unir fé e razão.

Se formos às origens da modernidade e da resposta cristã à sua época, vamos encontrar que quando a igreja se tornou poder quase absoluto e imperial, surge um Wycliff e defende a igreja do povo, a Bíblia no lugar da tradição e a pobreza evangélica como padrão. Seguindo a esse momento, quando o clero se fazia ponte entre Deus e os homens e manipulava uma multidão de analfabetos, surge um homem, John Huss, que fez coisas simples como incorporar os acentos ao idioma tcheco, traduzir a Biblia para a língua do povo e defender o sacerdócio universal de todos os crentes. O segundo foi queimado em praça pública, do primeiro, queimaram os ossos depois de morto.

Em um tempo de guerras religiosas, surgem os menonitas que se recusavam a lutar e defendiam a resistência pacífica, a tolerância e a mediação. Em tempos de superstição, surge um doutor Lutero. Quando ser nobre e da elite parecia ser a norma, e as divisões entre os grupos uma regra, surge um Zinzendorf e os morávios optando pelo estilo de vida simples, pelo trabalho duro, pelo valor da mulher e pelo ecumenismo. Quando o mundo se perdia em permissividade e começava a acumular riquezas, surge Wesley e o metodismo, com a proposta de uma vida regrada, disciplinada e de frugalidade, quando o umbigo do mundo era a Europa, ambos os grupos se lançam em missão.

Quando a bebida se tornou uma praga na Europa, a Cruz Azul na Alemanha, os pietistas e neo-pietistas por toda Europa, se tornaram abstêmios. Quando a revolução industrial inundava de imundície, mendicância e exploração os pobres da Inglaterra, surge William Booth e o exército de salvação, comprometidos com as meninas prostituídas, as mães solteiras, os pobres em asilos, com negócios feitos sem exploração de menores e com um mundo sem miséria. Quando o nazismo tomou conta da Alemanha, Bonhoefer funda o seminário alternativo e ilegal de Finkenwald, onde se continuava a luta contra o mal e a ingerência do estado nazista sobre a igreja. Quando negros eram proibidos de andar em igualdade de condições nos ônibus da América, uma simples empregada doméstica cristã, Odessa Cotter, decidiu que crente não andava de ônibus, e começou o boicote que deu espaço para Martin Luther King liderar o movimento negro nos anos 60, que em uma América racista, promovia os boicotes e a luta pela igualdade,e junto com outras forças contraculturais em uma América em guerra, promovia a resistência pacífica e a condenação da guerra do Vietnam. Nas ditaduras da América Latina, Dom Romero morre celebrando uma missa denunciando a carnificina da ditadura de El Salvador, Dom Paulo Evaristo Arns defende presos políticos, Dom Helder Camara luta pelos oprimidos, pelos negros, pelos índios, pela reforma agrária e se recusa a morar no palácio episcopal. Em tudo isso podemos ver que crentes em Cristo souberam dizer: “Crente não alguma coisa” e exibiram uma coragem enorme de andar contra a maré;

Anos depois, infelizmente ninguém bebia, mas não sabia mais que aquela postura foi fruto do amor pelas famílias destruidas pela bebida e não um ato moralista, ninguém festava, mas se esquece que a vida circunspecta era uma reação à devassidão egoísta de um tempo, que a honestidade, a igualdade, e cada um dos nãos seguiam uma longa trajetória histórica, uma resposta ao espírito de cada época, um anúncio de uma outra lealdade. Triste que tudo se perdeu em usos e costumes.

E hoje? Penso que seria hora de começar a dizer com todas as letras: NÃO!

Não mais os nãos que nos tornaram conhecidos como os “crentes”, mas aqueles que poderiam refletir de maneira clara aquele em quem cremos.

Quem sabe fosse o tempo de dizer: Em um mundo bêbado de consumismo que crente não vai a Shopping Center. Em um mundo de música comercial, poderíamos dizer que crente não houve música de gosto duvidoso, principalmente os gêneros “gospelnejo”, “pagodspel” e “Jinglevor”; Diante do absurdo do tráfego, dizer que crente não se rende à industria automobilística, crente não compra a crédito e crente só anda de bicicleta ou a pé; que no absurdo da industria alimentícia crente não vai a supermercado, mas só compra na venda da esquina; que crente não polui; crente não come carne; crente cuida do próprio lixo e não mistura seus dejetos e os guarda em sacola plástica; que crente não come aquilo que vem de fora de sua região e nem o que está fora da estação; que crente não se candidata a nada, mas escolhe a democracia direta e a ação local...

Engraçado que ao dizer tais coisas, o que muitos me dizem é que isso é coisa de radical, que é impossível, que é sair do mundo... pois é... o que devem ter dito os sensatos a cada um dos amigos ai acima?

Bem meu amigo e minha amiga, pode ser que nada disso ai lhe diga respeito, nem lhe toque o coração, nem você ache que é importante. Minha experiência tem sido que a cada tomada de posição como essas e outras do tipo,vejo serem gerados papos interessantes, interações e conversas sobre o dono da vida e vejo o brilho no olhar daqueles que andam com muita saudade d'Ele, mesmo sem saber que é este o sentimento que lhes passa o coração.

Pode ser que você ache que isso não tem nada a ver, que é coisa de maluco, que o insano aqui sou eu e que nada disso fala de evangelho "de verdade". Se for esse o caso, continue sem beber, nem fumar, nem se drogar, nem se alistar, nem votar, nem dançar, mas faça isso em honra àqueles que em suas épocas souberam dar uma resposta ao seu tempo e lugar.

Se o caso for outro, e você vê ai algum sentido mas não sabe o que fazer, e ainda assim gostaria de fazer algo, te dou aqui uma sugestão: faça algo ao alcance das mãos, literalmente. Assuma que crente não usa sacola plástica. Isso qualquer um pode fazer. E faça isso como guardião da criação, como fruto de uma teologia da criação, e não de mero ambientalismo ou de moda do mercado. Os papos e reflexões que surgirão daí te levarão a lugares onde você nunca imaginou se aventurar.

Busque discernir o espírito do presente século, julgue se este se contrapõe ao Espírito de Deus, e se for caso, diga NÃO, mas faça alguma coisa.

Ah... e por acaso, depois de ter sido aquele crente que fui, hoje estou tentando, às vezes com algum sucesso, às vezes deixando a desejar, ser um seguidor de Jesus e viver minha vida em lealdade a Ele. Assim amadureço seguidor, pretendo envelhecer um seguidor e morrer um seguidor, ainda crendo no Meu Senhor.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O futuro está no passado


Vivemos uma encruzilhada de perplexidade e de pasmo nesse momento da história do ocidente, ou de nosso ocidentalizado planeta. Chegamos mais uma vez, dessa vez de modo mais intenso que nas demais, ao momento de seguir em frente e decidir por uma direção.

Isso não é novo na história humana, muitas vezes já estivemos ai.

Várias dessas vezes, civilizações, povos e nações tomaram o rumo errado que acabou em auto-destruição tragédia, morte e extinção. Culturas se perderam e hoje seus vestígios são motivo de visitas a museus e sítios arqueológicos. Outras, infelizmente em menor número, tomaram direções por vezes menos glamourosas, menos evidentes, mas que lhes permitiu continuar. E mesmo dentro de histórias onde uma segunda chance foi desperdiçada, vemos momentos em que anteriormente se soube mudar a maneira de pensar e mudar a rota de colisão.

Seja em que campo for: economia, meio ambiente, família, mobilidade, artes, pobreza e riqueza, ensino e aprendizagem, política, em qualquer campo, os sinais de degradação e o cheiro putrefato de decomposição se fazem notar. Diante desse quadro alguns se perguntam e projetam como pode vir a ser o futuro, como superar o momento presente e criar um novo, como administrar de modo a perpetuar e permitir a continuidade de nosso estilo de vida moderno e ocidental. Em quase todas as propostas tem-se a sensação de que se re-inventa a roda, ou que se gastam energia e recursos imensos na intenção de tentar faze-lo, ainda que de forma magicamente diferente. Tudo no entanto, num aparente esforço vão, ou numa fé cega de que os velhos deuses modernos (o pensamento científico, a tecnologia e a sociedade administrada) – uma santíssima trindade capenga – conseguirão dar conta do Leviatã que eles mesmos criaram, promovendo uma mágica reversão de si mesmos. Fé que se traduz em crença absurda e patética de que as coisas são assim e, por desconhecimento histórico, sempre serão.

Como conseqüência de tudo isso, vemos uma sociedade sem repouso, exausta, de gente cansada de trânsito, contas, correria e produção e que para buscar descanso se mete em mais diversão, correria, vaidade e viagens, em mais atividade e televisão, barulho e agitação, que por fim provocam mais cansaço.

No meio de tudo isso, salta um profeta - Jeremias - que nos chama a pensar:

“Ponham-se nas encruzilhadas e olhem; perguntem pelos caminhos antigos, perguntem pelo bom caminho. Sigam-no e acharão descanso. Mas vocês disseram: 'Não seguiremos!' ” Jer. 6:16

A tendência natural do ser humano é, diante do cansaço e do perigo, ao invés de colocar limites, tentar se anabolizar, ganhar mais energia, aumentar a velocidade e se fortalecer. Ao invés de menos, mais, ao invés da reflexão, diversão, ao invés da suavidade mais brutalidade.

A recomendação escrita pelo profeta nos chama a atenção para possíveis saídas da encruzilhada: Pare, olhe, pergunte, siga. Tudo ao contrário do que nos é proposto pelo sistema: continue, foque, proponha, lidere.

No momento em que vivemos, estou convencido, pelas palavras que leio e pelo exemplo da história, de que neste texto temos inclusive a orientação do onde buscar a orientação e saída: nas bases tradicionais que nos antecederam, nos avós, na memória retida entre aqueles que se mantiveram relativamente a parte da modernidade.

Enquanto nossa loucura conseguiu gerar riqueza antes inimaginável e destruição em escala inédita que nos colocaram na encruzilhada em menos de 60 anos de escalada global, e em 200 anos de progresso e Laizes Faire - de forma mais localizada no ocidente -, populações e culturas integradas com a criação e nas quais o tripé formado pelos princípios do acolhimento dos limites, da escolha pela renúncia e da concepção do sagrado são nutridos e mantidos tem se sustentado vivas, mesmo diante da agressão e da cooptação moderna, por muito mais tempo, por séculos e milênios, demonstrando possibilidades para as quais tentamos sem sucesso outras saídas que não consideram a possibilidade de abraçar estes princípios.

Sendo assim, em diálogo com o momento que vivemos e com as escrituras antigas, creio que podemos encontrar saídas, desistindo de inventar à frente, mas abrindo um diálogo com o passado, que ao mesmo que não nega as contribuições modernas, as relativiza e retira seu caráter de inevitabilidade.

O texto nos dá pistas do que fazer:

Ponha-se. Ou seja, pare. Sem parar o rítmo frenético, estaremos na situação de trocar um pneu com o carro andando. Se queremos ter um futuro, o primeiro passo é declarar uma moratória, que na impossibilidade de ser global, poderia ao menos ser pessoal ou comunitária.

Na encruzilhada. Além de parar é importante que nos permitamos dar conta da própria existência da encruzilhada. No nosso caso, deixar de negar o dilema, a crise e o momento e dar-se conta de estar sem rumo de um lado, mas da existência da possibilidade do outro. Ou seja, essa encruzilhada é formada pela consciência do mal existente, mas também da possibilidade da esperança, da imaginação de como poderia ser.

Como não temos ciência de como realizar esse poderia ser, somos chamados a mais um passo.

Perguntem. O passo fundamental é assumir nossa ignorância e postarmo-nos como aprendizes, como incertos, como não sabedores. A solução aparece para quem assume que tem um problema, não para quem o nega, e para aquele que diante do problema sabe humilhar-se a ponto de perguntar pela solução àqueles que o antecederam.

Pelos caminhos antigos. Quanto mais voltarmos, mais chances de nos posicionarmos adequadamente. Podemos voltar aos avós com humildade, à história do ocidente, às bases sociais tradicionais, ao conhecimento antigo. No entanto, o mais importante seja o caminho mais antigo, relatado no mais antigo texto do ocidente. É voltar ao caminho da relação de confiança na qual nós seres humanos confiávamos e Deus nos confiava o cuidado da criação. O caminho mais antigo, e há mais tempo abandonado, é o caminho da confiança. Confiança de que do jeito de Deus é melhor, de que Ele não está ai para tolher ou tornar nossa vida mais infeliz, de que Ele nos propôs uma parceria, onde nós vivemos e cuidamos e Ele nos mostra o que é bom, verdadeiro, justo e melhor, e nos avisa do que é falso, ruim, injusto e pior. Na prática isso se dá em conversa com os que nos antecederam, os que estão vivos ainda, e os que deixaram seus registros nos livros. Está em observá-los, em nutrir esquecidas artes e habilidades, em abrir mão de tudo que se pode, em prol do que é melhor. Em suma, é entender que o caminho para frente, é um caminho de volta.

Perguntem pelo Bom Caminho. Ser antigo não é o único critério. Houveram caminhos antigos que deram em nada, ou em desastre ou em destruição. Nem todo caminho antigo é bom porque é antigo. Nem todo conselho de avós, se justifica por ser do passado. Não basta ser velho, há de ser bom.

Mas qual seria esse caminho. Uma dica: talvez não seja nenhum dos que nós trilhamos, mas sim aquele trilhado por quem nos amou primeiro. Busque, ache e guarde como um tesouro.

Alguém que trilhou o bom caminho da confiança de forma completa foi Jesus. Ele se colocou não como mestre distante, mas como escravo sob o mesmo jugo que nós. Como tal Ele disse: Olhe! Aprenda de mim que sou manso e humilde. Coloquem sob si o jugo do mesmo modo que eu o coloco. E verão que em mim, acharão descanso. E você viverá. Assuma um coração aprendiz e veja o que acontece.

Hoje como naqueles tempos de “fim de feira” do Profeta Jeremias, chega-se à mesma triste conclusão: Mas vocês não querem!

Bem, se assim for, pouco se pode fazer, mas e se você desejar e se você tomar a decisão de parar na encruzilhada, talvez descubra que você seja um só. Nesse caso, fique com a frase que tenho usado, tanto baseado nas convicções que tenho quanto na paz oriunda de saber-se no caminho certo: “Eu sei que sou um só, e eu sei que um só pode muito pouco, mas o que um só pode fazer, isso eu farei”