Faz muito tempo que não posto nada aqui.
Estava eu escrevendo sobre o TDCN, quando me perguntei se alguém já não teria traduzido e feito algo aqui no Brasil. Encontrei o Blog do DEFENSOR DA NATUREZA que fez o trabalho de traduzir e atualizar o material. Dai desisti de minha postagem original... depois a publico. Aqui fica como uma introdução ao tema para os novos no assunto.
Assim que eu tiver tempo ou escrever sobre o analfabetismo ambiental de nossas crianças e como revertê-lo. Por enquanto fique com a bela tradução abaixo.
Ai vai:
Transtorno da falta de contato com a Natureza (Nature Deficit Disorder),
é um termo criado pelo escritor e jornalista norte-americano Richard
Louv em seu livro de 2005, Last Child in the Woods (Tradução: A Última
Criança nas Florestas). Refere-se à alegada tendência de as crianças
terem cada vez menos contato com a natureza, resultando em uma ampla
gama de problemas de comportamento. Esta doença não é ainda reconhecida
em qualquer um dos manuais de medicina de transtornos mentais, como o
CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde) ou o DSM-IV (Manual de Diagnósticos e Estatísticas
de Transtornos Mentais) nem é parte da proposta de revisão deste manual
Louv
alega que as causas para o fenômeno incluem o medo dos pais, acesso
restrito às áreas naturais, e da atração pela TV ou computador. A
pesquisa recente tem gerado um contraste maior entre a diminuição do
número de visitas aos Parques Nacionais nos Estados Unidos e aumento do
consumo de meios eletrônicos por crianças.
Richard Louv passou
10 anos viajando pelos EUA entrevistando e conversando com pais e
filhos, tanto em áreas rurais e urbanas, sobre suas experiências na
natureza. Ele argumenta que a cobertura da mídia sensacionalista e os
pais paranóicos têm assustado as crianças de freqüentarem áreas naturais
(matas, campos...), enquanto promove uma litigiosa cultura do medo que
favorece a prática de esportes seguros com regras ao invés de
brincadeiras criativas.
Ao reconhecer essas tendências, algumas
pessoas argumentam que os seres humanos têm um gosto instintivo para a
natureza, a hipótese da biofilia, e adotam certas medidas para passar
mais tempo ao ar livre, por exemplo, em educação ao ar livre, ou através
do envio de crianças a jardins da infância (Forest Kindergarden) ou escolas (Forest Schools)
na floresta, que são escolas especiais criadas nos Estados Unidos e
países da Europa, onde as crianças ou estudantes brincam e aprendem do
meio de uma mata preservada ou bosque utilizando os elementos que
encontram na nestes ambientes. Talvez seja uma coincidência que os
adeptos do movimento Slow Parenting (pais sem pressa)*
enviam suas crianças para educação em ambientes naturais, ao invés de
mantê-los dentro de casa, como parte de um estilo livre de educar os
filhos
*O movimento Slow
Parenting (pais sem pressa) defende que “menos é mais”: menos coisas,
menos actividades, menos pressa, menos pressão, menos expectativas. Mais
tempo para crescer fará as crianças mais felizes. É um estilo de
educação dos pais em que poucas atividades são organizadas para as
crianças. Em vez disso, elas são autorizadas a explorar o mundo ao seu
próprio ritmo. O movimento Slow Parenting tem o objetivo de permitir
que as crianças sejam felizes e fiquem satisfeitas com suas próprias
realizações, mesmo que isto não pode torná-las mais ricas ou mais
famosas. Os pais das crianças de hoje são frequentemente encorajados a
repassar o melhor possível de suas experiências de infância, para
garantir a estas crianças o sucesso e felicidade na vida adulta.
A
natureza não é apenas para ser encontrado em parques nacionais. O
capítulo "Jardim do Eden em um terreno baldio", de Robert M. Pyle
(página 305)* enfatiza a
possibilidade de exploração e fascínio em pequenas áreas que podem ser
lotes desocupados de terrenos com vegetação nativa, e se alegra com as
30.000 lotes sem construção em Detroit, que surgem devido à decadência
no centro da cidade.
*Children and Nature: Psychological, Sociocultural, and Evolutionary Investigations
(2002). Eds. P. Kahn; S. Kellert. MIT Press. Essay "Eden in a vacant
lot: special places, species, and kids in the neighborhood of life"
Causas
• Os pais estão mantendo as crianças dentro de casa, a fim de mantê-los a salvo de perigo. Richard
Louv acredita que podemos estar protegendo exageradamente as crianças
de tal forma que se tornou um problema e prejudica a capacidade da
criança de manter contato com a natureza. O crescente temor dos pais de
"perigo desconhecido", que é fortemente alimentada pelos meios de
comunicação mantém as crianças dentro de casa e no computador ao invés
de explorar ao ar livre. Louv acredita que esta pode ser a causa
principal de transtorno da falta de contato com a natureza, uma vez que
os pais têm um forte controle e influência sobre a vida de seus filhos.
• Perda de paisagem natural no bairro ou cidade de uma criança.
Muitos parques e reservas naturais têm acesso restrito e placas de
advertência "não ande fora da trilha". Ambientalistas e educadores ainda
adicionam a restrição ao dizerem às crianças "olhe, mas não toque".
Enquanto eles estão protegendo o ambiente natural, Louv questiona o
custo dessa proteção na relação as nossas crianças com a natureza
• Aumento de atrativos para passar mais tempo dentro de casa.
Com o advento do computador, videogames e televisão as crianças têm
mais e mais motivos para ficar dentro de casa, "A criança
norte-americana gasta em média gasta 44 horas por semana com mídias
eletrônicas"
Efeitos
• As crianças têm limitado respeito ao ambiente natural mais próximo.
Louv diz que os efeitos do transtorno da falta de contato com a
natureza para os nossos filhos será um problema ainda maior no futuro.
"Um ritmo crescente nas últimas três décadas, aproximadamente, de uma
rápida perda de contado das crianças com a natureza tem profundas
implicações, não só para a saúde das gerações futuras, mas para a saúde
da própria Terra." Os efeitos transtorno da falta de contato com a
natureza poderia levar a primeira geração em risco de ter uma
expectativa de vida menor do que seus pais.
• Podem se desenvolver transtornos da atenção e depressão. "É
um problema porque as crianças que não tiveram um contato com a
natureza parecem mais propensas à depressão, ansiedade e problemas da
falta de atenção". Louv sugere que ter atividade ao ar livre em contato
com a natureza e ficar na calma e tranquilidade pode ajudar muito. De
acordo com um estudo da Universidade de Illinois, a interação com a
natureza tem provado reduzir os sintomas dos transtornos da atenção e
depressão em crianças. Segundo a pesquisa, "No geral, nossos resultados
indicam que a exposição a ambientes naturais nas atividades comuns após
as aulas ou finais de semana pode ser muito eficaz na redução dos
sintomas de déficit de atenção em crianças." A teoria da restauração da
atenção desenvolve esta idéia , tanto na recuperação a curto prazo de
suas habilidades, como na de longo prazo para lidar com o stress e
adversidades.
• Seguindo o
desenvolvimento dos transtornos da atenção e depressão e transtornos de
humor, notas mais baixas na escola também parecem estar relacionados com
o transtorno da falta de contato com a natureza. Louv afirma que
estudos realizados na Califórnia e na maior parte dos Estados Unidos
mostram que os estudantes das escolas que utilizam as salas de aula ao
ar livre e outras formas de educação utilizando experiências com a
natureza apresentaram significativamente melhor desempenho em estudos
sociais, ciências, artes, linguagem e matemática. Fonte: Artigo Orion Magazine March/April 2007
• A obesidade infantil tem se tornado um problema crescente. Cerca
de 9 milhões de crianças (6-11 anos) estão com sobrepeso ou obesos. O
Instituto de Medicina afirma que nos últimos 30 anos, a obesidade
infantil mais do que duplicou para os adolescentes e mais do que
triplicou para crianças de 6-11 anos. Fonte: National Environmental Education Foundation
• Em uma entrevista publicada na revista Public School Insight,
Louv citou alguns efeitos positivos do tratamento de transtorno da
falta de contato com a natureza: “Tudo a partir de um efeito positivo
sobre a atenção estendendo para redução do stress a criatividade, o
desenvolvimento cognitivo e seu sentimento de admiração e de conexão com
a Terra. "
A ONG No Child Left Inside Coalition
(Coalizão “Não deixe as crianças dentro de casa") trabalha para levar
as crianças para atividades ao ar livre e de aprendizagem ativa. A ONG
espera resolver o problema do transtorno da falta de contato com a
natureza. Eles agora estão trabalhando para aprovar uma lei nos Estados
Unidos que aumentaria a educação ambiental nas escolas. A ONG defende
que o problema do transtorno da falta de contato com a natureza poderia
ser amenizado por "despertando o interesse do estudante para atividades
ao ar livre" e estimulando-os a explorar o mundo natural por conta
própria.
domingo, 22 de abril de 2012
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