quinta-feira, 1 de abril de 2010

Lixo não é mais um problema

Desde a última semana a cidade de São Paulo não tem nada para enviar aos seus aterros de lixo. O mesmo aconteceu no Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e nas outras 23 capitais do país. Mas como explicar que uma cidade que até pouco tempo atrás produzia 13 mil toneladas de lixo doméstico e comercial todos os dias tenha zerado, assim, o descarte de resíduos?

A solução surgiu em Curitiba, após anos de discussões, planos e busca de espaço para um novo aterro sanitário. E veio da própria população. Inspirada pelo movimento Do Meu Lixo Cuido Eu e pela bem humorada campanha Eu Me Lixo Para o Aterro Sanitário, ambas encabeçadas pela instituição Casa da Videira, o lixo deixou de ser visto como uma demanda de serviços e passou a ser encarado como um problema de todos. Ou seja, cada um começou a cuidar da própria casa.

De acordo com o IBGE, em 2009 o Brasil descartou a cada dia 230 mil toneladas de detritos – e mais da metade corresponde a lixo doméstico. Agora que as casas passaram a produzir lixo zero, a expectativa é que encerremos o ano de 2010 com produção nula de lixo.

Além do efeito ambiental impossível de calcular, essa medida economiza investimentos públicos milionários que, antes, eram destinados à criação de novos aterros. Mas qual foi o caminho para chegar até aqui? Confira as soluções urbanas que funcionaram:

Compostagem - Restos de cozinha são tratados em Lixeiras Vivas, que transformam resíduo em adubo na própria residência, mesmo em apartamentos pequenos.

Pequena pecuária urbana – A criação de galinhas também funciona como sistema de processo de restos de alimentos. Elas devolvem em 24 horas, na forma de adubo, o que levaria anos produzindo chorume e mau cheiro nos aterros. Duas galinhas consomem o resto de alimentos de uma família de 4 pessoas e ainda rendem ovos orgânicos.

Hortas comunitárias – É possível aproveitar os lotes vazios da cidade para o benefício de todos. Esta medida, que reduz 50% do IPTU dos proprietários, absorve todo o material orgânico das duas medidas anteriores. Estas hortas seguem a experiência cubana que conta com 35.000 hectares nesta modalidade somente na cidade de Havana.

Reciclagem levada à sério - Os “grupos de preciclagem” tomam a prática de evitar o consumo de plásticos e embalagens ao pé da letra, e evitam a necessidade de centrais de reciclagem.

Adeus sacolas - A extinção das sacolas plásticas em todo o território da cidade, que representava 120 milhões de unidades descartadas por mês, gerou uma nova industria local que se tornou modo de vida para grupos de mulheres em todos os bairros.

Caminho de volta - Lojas que vendem lixo perigoso devolvem à industria aquilo que produziram. Pneus, pilhas, baterias, venenos e solventes passaram a ser vendidos somente mediante a troca de suas embalagens, com desconto para consumidores e redução de impostos para lojistas. Muito mais econômico do que o custo da coleta centralizada.

Fábrica limpa - Centenas de fábricas caseiras de sabão se espalharam pela cidade e tem dado conta de todo o óleo de cozinha usado. No fim do processo, unidades de zonas de raízes entregam água limpa aos rios.

Produtos bio - A indústria de fraldas ecológicas e absorventes degradáveis explodiu, com crescente número de mulheres abandonando os descartáveis poluentes em troca de alternativas limpas e confortáveis. Pequenos incineradores/geradores de energia transformam o lixo de banheiro em cinzas usadas como adubo na agricultura urbana.


Primeiro de abril! No Dia da Mentira, resolvemos levantar algumas manchetes fictícias, que gostaríamos de noticiar. Mas a notícia boa – e de verdade – é que tudo isso é possível, sim. “Essa notícia pode ser verdade e se baseia em experiências vividas em Curitiba”, afirma Claudio Oliver, mestre em educação e coordenador do Coletivo Casa da Videira.

E ele aposta mais: “vai surgir o dia em que se abram os olhos para perceber que um outro mundo não somente é necessário, mas também possível e já vem acontecendo”. O movimento e as soluções estão aí, a torcida é que sejam ouvidos, vistos e seguidos.
(A POSTAGEM ORIGINAL É COPYRIGHT DO CANAL FUTURA
E PODE SER ACESSADO CLICANDO AQUI)

* colaboração de Claudio Oliver, do Coletivo Casa da Videira.
A notícia que gostaríamos que fosse verdade é uma brincadeira de 1º de abril do Canal Futura que pretende mostrar que manchetes como esta deveriam se tornar realidade e serem publicadas em qualquer dia do ano.


A notícia que gostaríamos que fosse verdade é uma brincadeira de 1º de abril do Canal Futura que pretende mostrar que manchetes como esta deveriam se tornar realidade e serem publicadas em qualquer dia do ano.